Dolce Vita | domingo, 27 de fevereiro de 2022
A super campeã, atlética e atleticana arquiteta, Andrea Schettino, durante evento no Miami Design District. Foto: Arquivo pessoal
Sol nascente
Tentemos esquecer que o Japão, mesmo pequeno é uma potência econômica e tecnológica. Esqueçamos também sua resiliência, depois dos destroços da Segunda Guerra Mundial, incluindo bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Nem lembremos da enorme e rica cultura japonesa; sua arte, moda, cinema, culinária, etc.
Sol e lua
Mas o Japão tem um lado sombrio e tradições pesadas. Principalmente em relação ao trabalho. Depois da “vida útil”, um cidadão aposentado sente-se quase como um pária numa sociedade onde existir é trabalhar, produzir. O que afeta também as relações humanas, gerando multidão de solitários e jovens que não sabem nem namorar.
Sol vermelho
Segundo a BBC News Brasil, “o Japão registra suicídios com mais rapidez e precisão do que qualquer outro país do mundo. Ao contrário da maioria dos países, os números são coletados no final de cada mês. Durante a pandemia, eles contam uma história perturbadora. Em 2020, as taxas de suicídio no Japão aumentaram pela primeira vez em 11 anos”.
Sol triste
“O mais surpreendente é que, enquanto os suicídios masculinos – muito comuns durante crises econômicas - caíram ligeiramente, as taxas entre as mulheres subiram quase 15%. Só em outubro, a taxa de suicídio feminino aumentou mais de 70%, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Por que a pandemia parece estar afetando assim as mulheres? Algumas das respostas servem também para o Brasil”.
Sol frio
Abusos sexuais e violência explicam uma parte, mas não o todo. Michiko Ueda é uma das maiores especialistas em suicídio: "Nunca vi aumento tão grande. Com a pandemia, os setores mais afetados são aqueles com alto porcentual de mulheres, como turismo e varejo". O Japão viu o número de mulheres solteiras que vivem sozinhas aumentar com força. Muitas optam por viver assim e, nada de casamento.
Sol decadente
Em setembro do ano passado, uma famosa atriz, Yuko Takeuchi suicidou-se. "A partir do dia em que se torna público que uma pessoa famosa tirou a própria vida, o número de suicídios aumenta e permanece assim por cerca de 10 dias", explica Yasuyuki Shimizu, ex-jornalista que agora dirige uma instituição de caridade dedicada a combater o suicídio.
Sol doente
"Pelos dados, pudemos ver que o suicídio da atriz, em 27 de setembro, causou 207 suicídios femininos nos 10 dias seguintes”. Há uma conexão muito forte entre os suicídios de celebridades e um aumento imediato nos suicídios nos dias seguintes. Para Ueda, há outra questão persistente, num país que teve mais suicídios que mortes por Covid-19.
Sol raro
Se esse fenômeno acontece no Japão, que não teve lockdowns rígidos e registrou relativamente poucas mortes pelo vírus, é de se imaginar a situação emocional das pessoas em países onde a pandemia tem sido muito mais devastadora. Como o Brasil, por exemplo. Mas, invertamos o assunto em 100%. Okinawa, no mesmo Japão, é uma das “Zonas Azuis” do mundo, é onde as pessoas vivem por mais tempo.
Sol crescente
Ter e viver 100 anos em Okinawa é “fichinha, mole pro Vasco”. As razões são várias, mas a principal é a alimentação saudável. Mais de um quilo de verduras, legumes e frutas por dia. Arroz e peixe. Algas e soja. Encarar a vida pelo lado positivo. Permanecer com a mente e o corpo funcionando, em outras palavras, trabalhando, sendo útil. Socializar é outro segredo, com famílias grandes e amigos.
Sol vivo
Repensar o relacionamento com o tempo, que passa lentamente. Por fim, a espiritualidade. Aí, cada um tem a sua. No site “Japão em Foco”, achamos os “Sete Segredos sobre a Longevidade do Povo Japonês”. O primeiro, já contamos”, o equilíbrio nutricional. O segundo é moderar nas refeições, usando usam a técnica do “hara hachi bu”. Essa técnica consiste em parar de comer quando estiver 80% satisfeito e não até a barriga estufar.
Sol quente
Segundo estudos, o cérebro demora cerca de 20 minutos para registrar que o estômago está cheio. E quando estamos com muita fome, acabamos comendo mais do que devemos. O segredo então para reduzir a ingestão de calorias diárias é comer bem devagar e utilizar a estratégia do “hara hachi bu”.
Sol verde
O terceiro segredo é o chá verde. Os japoneses costumam bebê-lo diariamente. Esta bebida está associada à boa saúde e longevidade. O chá verde é repleto de antioxidantes poderosos (polifenóis), que combatem os radicais livres que provocam o envelhecimento das células, além de combater agentes cancerígenos.
A barbaramente bela, Bárbara Paola. Foto: Edy Fernandes
Lança Perfume
*Continuando a viagem pelos segredos da longevidade japonesa.
Os japoneses têm pavor de doenças infecciosas e contagiosas e por isso procuram manter o quarto segredo, a higiene pessoal e do ambiente onde vivem.
Podemos notar também que a maioria dos locais e transportes públicos no Japão são muito limpos e organizados.
Mesmo antes da pandemia, já usavam máscaras que ajudam a reduzir o contágio de vírus e bactérias.
Quinto. No Japão são realizados exames médicos anuais nas escolas e empresas. Esse exame é obrigatório e gratuito.
Assim, os cidadãos que não têm seguro saúde podem ter um tratamento digno com baixo custo.
Homens com mais de 85 centímetros e mulheres com mais de 90 centímetros de circunferência na cintura são orientados a fazer dieta e exercícios.
A medicina preventiva aumenta a expectativa de vida e ajuda a reduzir os gastos do país com saúde, pois soluciona os problemas antes que se agravem.
Sexto. A maioria dos japoneses tomam banho de ofurô, todos os dias.
Banhos que trazem série de benefícios: tiram o cansaço, aumentam o metabolismo, melhoram a circulação, aliviam dores musculares, relaxam os músculos.
Sétimo, último e já citado. No Japão, a maioria dos idosos continuam na ativa, dirigindo, cuidando de suas plantações.
Caminhando com seus cães ao redor do bairro e realizando várias tarefas junto à comunidade.
As atividades diárias aliadas ao engajamento social, ajudam a manter saúde física e mental.
Liliane Andrade, cheia de charme, nas areias e pistas de Copacabana.Foto: Arquivo pessoal
O Japão é campeão do velho ditado “Mente sã, Corpo são”. Mas assim como em todas as nações, os japoneses também estão rodeados de vilões que comprometem a saúde.
Alguns deles estão ligados ao alto consumo de sódio (presente no shoyu), além de hábitos não saudáveis como vida sedentária.
Consumo de tabaco e bebidas alcoólicas e estresse também.
E um fato triste e preocupante, que parece atingir especialmente a população idosa no Japão, também já citado.
É chamado de “Kodokushi”, a “morte solitária”, um problema desencadeado pelo distanciamento dos laços familiares.
Morte solitária que faz parte de triste realidade não só no Japão como também em outras partes do mundo.
Mas apesar dos problemas, não há como negar que os japoneses cultivam hábitos surpreendentes, muitos deles milenares.
Realmente trata-se de uma nação que tem muita coisa a nos ensinar. Faltam os alunos!