Dolce Vita | domingo, 27 de dezembro de 2020

Quase um feliz e verde ano novo para Caroline Garcia. Foto: Edy Fernandes

Feliz 2019

Hoje, último domingo de 2020, o desejo era o de uma coluna alto astral, com uma retrospectiva do que de melhor aconteceu no ano. Está difícil. Podemos comemorar o fato de estarmos vivos, de, até agora, termos sobrevivido, o que já é muito. 2020 até que começou bem e prometendo terminar ainda melhor, mas não foi o que aconteceu. Já no Carnaval, ou antes, a Covid-19 avisava que estava chegando. Não acreditamos porque a China “era” muito longe.

Feliz passado

Todavia uma pandemia não leva este “lindo” nome à toa. Com o globo cada vez mais globalizado, não demorou muito e a doença, em muitos casos fatal, chegou à Europa, “bem perto” do nosso mundo. Enquanto a Covid-19 matava milhares, diariamente, na Itália, França, Inglaterra e Espanha, 2020 no Brasil, como todo ano e todos anos, prometia começar, depois do Carnaval. Este mês, esta alegria, durou pouco. No meio de março o país começou a cair na real, na realidade.

Feliz ano velho

Na coluna do último domingo de 2019, 29 dezembro, escrevemos: fechando o ano “com um pensamento positivo. Ano resiliente mostrando o outro lado da moeda, o lado que devemos procurar, principalmente pensando no 1º de janeiro de um ano par, 2020, que também pode ser ímpar, dependendo, unicamente do nosso ponto de vista.  Copo que meio vazio, na verdade, está é meio cheio”.

Mais um grande amigo e profissional, mais uma vítima fatal da Covid-19, há uma semana, Euler Marques Andrade e este colunista. Foto: Arquivo pessoal

Feliz saudade

A coluna continuava contando a história de um escritor que, além de uma cirurgia, que o deixou um bom tempo de cama, teve que se aposentar aos 60 anos. Perdeu o pai e viu o filho sofrer um acidente de automóvel. “Foi um ano muito duro!”, escreveu. A esposa o encontrou triste, com seu texto ainda mais triste. Saiu da sala em silêncio e voltou com outro papel onde o escritor leu o que vem a seguir”.

Feliz otimismo

“Ano passado finalmente me desfiz da vesícula biliar. Completei 60 anos com boa saúde e me retirei do meu trabalho. Agora posso escrever com maior paz e tranquilidade. Meu pai, com 95 anos, sem sofrer e naturalmente, conheceu seu Criador. O mesmo que abençoou meu filho com uma nova oportunidade de vida, sem nenhuma sequela. Esse ano foi uma grande benção!”. 

Feliz horizonte

Nosso texto e história acabavam assim: “Eram os mesmos acontecimentos, mas com pontos de vista diferentes. Não é a felicidade que nos torna gratos, mas a gratidão que nos faz felizes! Hoje, você escolhe como escrever sua história!”. Não podemos dizer o mesmo de 2020, muito menos ter pontos de vista diferentes do mundo inteiro. E só podemos ser gratos, repitamos, por estarmos vivos.

Quase um ano bem diferente de 2020 para Virginia Alves. Foto: Edy Fernandes

Feliz futuro

Ainda em janeiro, a China isolou a cidade de Wuhan, construiu enorme hospital em “horas”, dominou e controlou a doença numa boa. Europa, Estados Unidos e Brasil não. Confinamento, distanciamento, economia em frangalhos e o número de milhares de mortos ainda aumentando. Os mortos que estavam bem longe, até mesmo no Brasil, agora são nossos próximos. Todo dia, infelizmente, conhecemos, e muito bem, uma nova vítima, um amigo, uma amiga, um parente.

Feliz amanhã

Teve Natal no Natal? Vai ter ano novo na virada do ano? Não sabemos; vai saber. Não se enganem, só temos uma certeza, dia 31 de dezembro, o vírus não vai pegar o avião de volta para a China. Podem tirar o cavalinho da chuva. Mesmo assim, nesta pandemia de informação e desinformação; de “fake news”, de vacina ou não, Feliz Ano Novo. 

Feliz felicidade

Que 2021 seja, no mínimo, um túnel com uma luz para 2022. Se 2021 for um pouco melhor que 2020, já será uma vitória e tanto. Mesmo no escuro, mesmo com toda a lama, só não podemos e devemos esquecer de continuar a criar boas lembranças. Que no final de 2021 possamos sorrir e sentir saudade do ano que passou. Por ora, oremos! Beijos e abraços virtuais. 

Quase um novo ano novo e mais colorido para Cláudia Bezerra. Foto: Edy Fernandes

Lança perfume

*Na coluna do último domingo de 2019, terminamos este espaço com dicas de viagem, porque foi o último período de aeroportos cheios.

Aconselhávamos, por exemplo, muita antecedência em tudo e apenas uma bagagem de mão. A gente era feliz e não sabia.

Falamos sobre o tamanho e o peso das malas; valores e taxas cobrados; check-in online, documentação, validade do passaporte e portão de embarque.

Este ano nada é como antes. Simplesmente não podemos sair do Brasil, nem os ricos.

E justamente aí, com o humor brasileiro, uma das melhores do ano nas redes sociais. 

Um passaporte com a folha cheia de carimbos, com todos os destinos e viagens de 2020.

“Geladeira, quarto, cama, inspeção de louça, lavanderia, cozinha, banheiro e sala”. Só faltou o “país Netflix”, o mais visitado.

Como tudo tem um lado positivo, depois de sofrer muito, o turismo doméstico decolou, não só dentro de casa ou do apartamento.

Praias e endereços mais chiques já estão reservados e/ou lotados. Em vez do frio europeu ou norte-americano, o maravilhoso litoral do País Tropical.

Se o sol é para todos e a sombra para poucos, voltando ao tema principal desta coluna, mesmo quem não puder viajar, ainda tem o que comemorar.

Estamos vivos e, tomando vários cuidados, muitos de nós estamos até juntos.

Não temos todo o tempo do mundo, mas temos o aqui e agora. E é isso que deve ser comemorado, sem moderação.

Façamos uma ceia menor, mas mais sincera, mais alegre e próxima, com o que temos e podemos; com música, TV e livros.

Fogos de Copacabana? “Já é 2022 na Austrália...”.

Se não podemos abraçar e beijar, podemos soltar fogos, brindar e gritar “feliz ano novo”.

Este vírus pode até matar gente, mas não sonhos e esperanças.

Uma vacina segura vem aí! Outras e novas doenças também. E, em seguida, mais vacinas. “C’est l avie!”.

No fim, além de sonhos e esperanças, devem ficar as lições. E a primeira de todas é saber a vida bela, frágil, curta e que não para de passar.

Sinceramente, feliz ano novo, de novo.