Dolce Vita | domingo, 25 de julho de 2021
A radiante, brilhante e luminosa jornalista, Luciana Avelino. Foto: Arquivo Pessoal
Raro aprendizado
“O Brasil é um país generoso. As pessoas doam bastante, doam na comunidade, doam quando os amigos pedem, doam nas ruas. Mas não doam o tempo todo e não doam todos os meses, e há um grande potencial para crescimento da doação e da generosidade”, diz o professor de Responsabilidade Social Corporativa da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado - FECAP, João Paulo Vergueiro.
Raro exemplo
O professor pode estar exagerando, mas continua com a palavra. "Entre 140 países avaliados pelo Índice Mundial da Solidariedade, ficamos apenas em 54º lugar. Na pandemia doamos mais de R$7 bilhões, valor inédito. Estamos no caminho do crescimento, mas ainda há muito o que fazer". O especialista diz que, no Brasil, as causas mais citadas são crianças, saúde e educação.
Raro prazer
“Outras causas acabam aparecendo e se alternando de acordo com as pesquisas realizadas. Não há exatamente uma causa que precisa de mais apoio - toda causa tem seu mérito e precisa de atenção. Algumas são mais evidentes, como crianças morando nas ruas ou saúde. Outras, menos visíveis, não deixam de precisar de apoio, como doenças raras e direitos humanos”.
Raro e nobre
Há um preconceito com a palavra filantropia. Muitas vezes é entendida como assistencialismo, esmola. É muito mais. É financiar causas, trabalhar por um país melhor via doações. Podemos fazer filantropia de forma emergencial, como de forma mais estratégica, doando para causas e organizações que vão transformar o país”. Desde que este dinheiro não seja desviado para espertos bolsos e contas particulares, não é professor?
Saudades do verão
Luciano Hang, empresário bolsonarista passou a defender a volta do horário de verão. Para o “Veinho da Havan”, como ficou nacionalmente conhecido, “com o dia mais longo, as pessoas vivem melhor, vão às praias, praticam exercícios e têm mais qualidade de vida”. O dono das lojas Havan aderiu ao movimento de empresários que pedem a volta do horário de verão, extinto por Bolsonaro em abril de 2019.
Saudade da luz
"O fato de ganharmos uma hora durante o dia faz com que a roda da fortuna gire mais e influencia a economia; o turismo, bares, comércios, restaurantes e, automaticamente, gera mais empregos nas indústrias", escreveu Hang, dia 3, em sua conta no Instagram. Afinal, o horário de verão é bom ou não? Economiza energia?
A quente vulcânica Mariana Furbino. Foto: Edy Fernandes
Saudade do turismo
Dia 6, o próprio Bolsonaro, na porta do Palácio da Alvorada, respondeu: "O horário de verão não tem ganho financeiro e a maioria é contra porque mexe no relógio biológico". Mesmo assim, empresários dos setores de turismo, bares e restaurantes encaminharam ao presidente uma carta reivindicando a volta do horário de verão.
Saudade da chuva
Argumentam que a hora a mais de claridade é positiva e seria de grande ajuda após a forte queda de faturamento na pandemia. Especialistas avaliam ainda que a medida seria de grande relevância no quadro de crise do setor elétrico, provocada pela seca histórica, que levou o nível dos reservatórios hidrelétricos ao patamar mais baixo em décadas.
Saudade da segurança
Para o economista Cláudio Frischtak, o horário especial traz três benefícios sociais: economia de energia, impacto na atividade econômica e segurança pública. “Uma hora a mais de luz reduz homicídios, roubos e acidentes de trânsito". O argumento da irrelevância do horário de verão foi a mudança do pico de consumo do fim para o meio da tarde, como resultado do maior uso de aparelhos de ar condicionado.
Saudade da economia
"Mas o que há atualmente, no verão, é um duplo pico: um no meio da tarde, por causa do ar condicionado, e outro, quando as pessoas chegam em casa, tomam banho e ligam seus eletrodomésticos", diz Frischtak. "O horário de verão pode reduzir em até 4,5% o consumo de energia nesse segundo pico do fim de tarde”.
Saudade de 2019
Tudo que possa reduzir o consumo de energia deve ser implantado, principalmente se isso for acompanhado de uma campanha de educação. Com a palavra, o professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico - Gesel, Nivalde de Castro: “o contexto do setor elétrico mudou de 2019 para este ano”.
A não menos solar CEO da Total Transportes e Logística, Patrícia Tiensoli. Foto: Arquivo Pessoal
Lança Perfume
*Continuemos o assunto horário de verão, com Nivalde de Castro: "Há dois anos, o equilíbrio entre oferta e demanda de energia estava tranquilo, então uma economia de 2% a 3% do consumo não era tão imprescindível”.
"Mas, atualmente, estamos enfrentando problemas para atender a demanda de energia elétrica justamente na hora em que escurece".
Isso porque o horário de verão tem o objetivo de "empurrar" a demanda por energia para mais tarde, aproveitando a luz natural.
"O horário de verão faz todo sentido, porque ele evita um consumo a mais”. Para bares e restaurantes, qualquer real a mais importa.
Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes - Abrasel, é um dos signatários da carta dos empresários pedindo a volta do horário de verão.
“Em 2019, houve um conjunto de argumentos para justificar a decisão, entre eles, a baixíssima economia de energia”.
Sem esquecer “as crianças que acordam cedo para ir à escola e encontravam o dia ainda muito escuro", lembra Solmucci.
"Não nos manifestamos, ainda que perdêssemos, porque o brasileiro tem baixo hábito de fazer ‘happy hour’, mas quando há horário de verão ele fica muito mais na rua”.
Solmucci explica que o setor resolveu trazer esse pleito agora porque, para os bares e restaurantes, "o mundo desabou de lá para cá".
"Nosso setor, mesmo de portas abertas, tem 77% das empresas operando com prejuízo. E o horário de verão sempre trouxe esse faturamento adicional na primeira hora da noite".
"A gente chega às vezes até a dobrar o que se fatura entre às 18h e às 20h. E isso também vale para o pessoal do turismo, porque estica o dia”.
“E se faz sentido provocar essa economia na indústria, faz sentido reduzir a demanda dos consumidores nesse horário, ainda que por uma hora; uma coisa colabora com a outra”.
"Estamos trazendo para a discussão uma ótica socioeconômica, que diz respeito a apoiar um setor que está muito machucado e que gera muitos empregos”.
“Isso além da ótica de reduzir o risco do setor elétrico. O amigo do presidente, Luciano Hang, já entendeu isso e tem cada vez mais gente entendendo”.
“Acredito que o presidente, se fizer uma análise mais detalhada, também pode mudar de ideia”.