Dolce Vita | domingo, 24 de janeiro de 2021

Renato Loureiro otimista, sem máscara, lenço e documento, mesmo com um geométrico corte de Cardin. Foto: Arquivo Pessoal

Paixão dupla

Comecemos pelas belas. Duas belas apaixonadas pela profissão, provando que até 2020 teve lados positivos para a Arquitetura, área que teve um grande aumento na demanda. Lígia Jardim e Fernanda Sperb reestruturaram o escritório; aprimoraram gestão, equipe e treinamento. Fizeram do limão uma suculenta caipiríssima para brindar o começo de um novo ano com muito otimismo e esperança!

Paixão ou não

Agora, passamos às feras. Há dez dias, compartilhamos aqui a palestra de Scott Galloway, autor, empreendedor e professor de marketing na Escola de Negócios na Universidade de Nova York. Ou seja, sabe e ganha dinheiro. Ela viralizou em uma palestra para estudantes com uma das críticas mais instigantes e bem-humoradas sobre o que considera o pior conselho já dado a jovens estudantes: “siga sua paixão”.

Paixão sim

Galloway praticamente destruiu o clichê “siga sua paixão”, para ele, uma besteira. Uma ficção porque, como disse, palestrantes bilionários só seguiram suas verdadeiras paixões depois de trabalhar muito, às vezes toda a vida, em coisas chatas e nada românticas como metalurgia ou fundição. Em suma, o cara “rala” a vida inteira e só depois de ficar rico, tem condições de seguir suas paixões. Aí é possível e fica fácil.

Paixão a seguir

Porque, depois de muitas lutas, batalhas, guerras, tempo e sacrifícios, a gente pode dar-se ao luxo de se apaixonar pelo que quer que seja. Ninguém cresce pensando “eu sou apaixonado por direito tributário”. Como aquela propaganda dos anos 1970 lembrando que, “ser neto de imigrantes é muito chique, quando se é rico”. Nosso amigo e leitor, o estilista Renato Loureiro, leu a coluna, gostou, mas discordou completamente de Galloway.

Renato Loureiro, chique e ligado, mesmo com máscara. Foto: Arquivo Pessoal

Paixão contagiante

Se Renato é uma perfeita exceção, certo é que ele saiu-se com uma ótima: “Não só segui minha paixão. Amo o que faço e ainda me pagam por isso. Acho que nessa pandemia a profissão de estilista vive um momento de forte tormenta e a moda caminha para coisas mais básicas e confortáveis. O ‘home office’ aposentou 50% dos ternos, gravatas e camisas sociais”.

Paixão otimista

“Executivas que se vestem para outras mulheres, em seus trabalhos, vão ficar em casa usando moletom ou bermudas. Adornos só no decote, pescoço, orelhas. Os 50% restantes sobram para academias, idas a supermercados, salão, festas de amigos, aniversários e restaurantes; espaços onde o conceito ‘fashion’ não se encaixa. Vejo isso com receio. Não estou colocando uma lente, sempre fui otimista!”.

Sempre na moda, Lígia Jardim e Fernanda Sperb poderiam ser modelos, mas "projetam passarelas", com muito charme e otimismo. Foto: Arquivo Pessoal

Paixão didática

“Dei uma palestra na UFMG no ano passado para quase 100 alunos de moda. Foram quatro estilistas para falar da caminhada de cada um, entre acertos e defeitos. Falei do amor à profissão e da escolha certa na carreira. Me emocionei ao contar minha trajetória; o prazer de fazer o que faço e das horas de dedicação à essa profissão que, de fora, parece glamorosa (precisa disso), mas por dentro é árdua; onde você, literalmente, se joga a cada lançamento. Por isso tem que ter paixão”.

Paixão apaixonada

Na esteira, “puxamos a língua”, abusamos da paixão de Renato Loureiro, lembrando um ícone da Moda, o “francês italiano”, Pierre Cardin, que morreu dia 29 de dezembro de 2020. Não, Cardin não morreu de Covid-19, ele tinha 98 anos. Lembramos o estilista porque, este sim, além de seguir sua paixão, ficou milionário. Não apenas com sua vanguardista Moda, mas ligando seu nome, sua grife a incontáveis produtos.

2021 começou com novos desafios para a bela médica, Maitê Leite; esbanjando talento e elegância, em Ipatinga e na Assessoria de Hospitais da Fundação São Francisco Xavier, braço social da Usiminas. Foto: Arquivo Pessoal.

Lança Perfume

*Inovador, visionário e pioneiro, Cardin foi muito além e, sem preconceitos, licenciou seu nome a tudo que ele podia vender.

Na moda e seus acessórios, claro, como cintos, sapatos, joias, óculos, perfumes e relógios; até chocolates, toalhas, cigarros, sardinhas e automóveis.

Um Midas, gênio também das finanças, sempre seguindo sua paixão empregando “mil estradas”.

*Completa Renato Loureiro: “apaixonado por moda, a morte de Pierre Cardin, deixa uma lacuna na era de criadores que realmente trazem inovação para a moda”.

Moda que até hoje perde mais do que traz coisas e gente nova para seu cenário. Cardin era daqueles criadores que além de talentoso, tinha uma visão ímpar”.

“Visão tipo o futurismo na moda e o ‘futurismo’ de como ganhar dinheiro com ela, sendo o primeiro criador a credenciar sua marca para produtos de outras marcas mais comerciais”.

Cardin fazia, “portanto, o que hoje quase todas as grifes vêm fazendo. Como foi o primeiro, ficou marcado, mas também como o primeiro a criar coleções de maneira mais moderna”.

“De uma maneira linda e desejável na alta costura e usável no ‘prêt-à-porter’. Seu futurismo, nos cortes geométricos-triangulares, é até hoje admirado e copiado”.

“Começou como assistente da Dior, em 1946. Em 2015, o estilista Raf Simons, depois de três anos substituindo Galliano, na mesma Dior, como diretor criativo, homenageou Cardin”.

Homenagem “com deslumbrante desfile, no Palais Bulles (Palácio Bolhas), a extravagante e futurista residência de Cardin na Riviera Francesa”.

Esgotado o assunto Cardin, provocamos Renato Loureiro com as indefectíveis máscaras, acessório obrigatório em todos os mortais guarda roupas.

“Com a pandemia, vieram as detestáveis máscaras. As grifes as usaram mais como obrigação, do que como acessório criativo”.

Quanto à famigerada vacina, Renato a inclui “como um oxigênio necessário à nossa sobrevivência, e isso é ser chique hoje em dia”.

Sobre o ano que não terminou: “Em 2020, perdi alguns projetos de direção criativa com a crise que a pandemia causou no nosso setor”.

“Mas já no final de um ano tão irregular, comecei a receber convites e percebi que vinha um 2021 abrindo caminhos com uma energia nova e boa; com um setor reanimado e disposto! E vivas a 2021!