Dolce Vita | domingo, 23 de maio de 2021
Pronta para tudo que vier de bom e de ótimo, Fabíola Andrade. Foto: Edy Fernandes
Contos do vigário
É durante uma viagem que uma pessoa conhece, de verdade, quem é o amigo ou a namorada. Nas crises, em geral, também. O Brasil é mundialmente famoso pela corrupção e impunidade. Aqui e em todo mundo, num período de pandemia, com todas as dificuldades e problemas gerados, corrupção e golpes são ainda mais imperdoáveis, deveriam ser encarados como crimes hediondos. Tirar proveito, roubar, enganar numa hora dessas? Horas de desespero?
Filhos do vigário
E não se iludam! Tem “vigário” não, são bandidos mesmo, conjugando a máxima: “todo dia sai um bobo de casa”. Vamos alertar sobre alguns golpes cada vez mais frequentes, facilitados pelos delicados e confusos tempos atuais. Possíveis também pela ingenuidade e fragilidade de pessoas de bem. Talvez o mais famoso e mais lesivo seja o golpe do telefone clonado, envolvendo os bancos.
Órfãos do vigário
Relato de uma amiga, em grupo do WhatsApp: “Uma mulher de Juiz de Fora tirou o telefone da mão de sua mãe, prestes a cair no golpe do gerente da conta bancária. Porém, grávida, na última semana de gestação e diabética. A mãe surtou e ela não teve ‘feeling’ pra perceber o golpe, entrou em cena já com a mãe enlouquecida. O ‘gerente’ resolveu ajudar por telefone a bloquear os empréstimos feitos na conta da mãe”.
Vítimas do vigário
Resumindo, o “gerente” liga, num fim de semana, com as agências fechadas, alertando sobre retiradas estranhas, contando histórias sem pé nem cabeça, apenas para aterrorizar a vítima que, para não perder mais dinheiro, deve fazer depósitos, numa trama bem urdida e complicada. “Resultado? Mãe e filha foram para o caixa e perderam juntas 110.000 mil. Uma pessoa instruída, mas enrolada por uma trama absurda, que leva a pessoa ao desespero, sem condições de raciocinar. Ficou arrasada por se sentir idiota, o bebê nasceu antes da data. Muita crueldade tirarem de quem nem tem”.
Coroinhas do vigário
“Cuidado gente! É o golpe do gerente informando que invadiram sua conta. A mãe perdeu R$60 mil. Na hora do ‘gerente’ estornar, não conseguia fazer, na conta da mãe. Pediu a conta da filha e raspou mais R$50 mil, em série de empréstimos. A gestante desconfiou e ligou pro SAC do banco, que garantiu bloquear a conta que recebeu. Tarde demais, conta e dinheiro já tinham sumido”.
Sacolinha do vigário
“O SAC também orientou-a a ir ao gerente na segunda-feira. Ela foi e ele disse que nada podia fazer.”. Banco e polícia não podem fazer nada, porque a pessoa, completamente confusa e perdida, “perdendo” dinheiro, transferindo, faz tudo no caixa eletrônico do banco, com sua senha e seus dados, voluntariamente. Golpe cada dia mais comum, envolvendo grandes somas.
Primo do vigário
“Outro golpe que voltou é o do “primo” na estrada com problemas no carro. Na tranquilidade, brinca, pedindo pra você adivinhar quem está falando. Você responde um nome qualquer, o bandido entra no personagem e começa a ladainha do carro estragado, onde não tem máquina de cartão. É aí que o ‘primo sumido’ pede ao “primo bobo”, para fazer a transferência e ‘amanhã eu te pago ou deposito’”.
Cúmplices do vigários
“É violência. Estupro financeiro. A vítima se envergonha, se sente culpada e esconde. Quando conta, ainda é ridicularizada”. Outro golpe da moda é o que envolve operadoras de TV a cabo e telefônicas. Os meliantes agendam uma visita de reparo. De posse de todos os seus dados, chegam uniformizados, com papel timbrado da empresa e tudo o mais. Uma vez dentro da casa ou apartamento, anunciam o roubo, rendem, amarram, ameaçam os moradores e passam o rodo.
Tarados do vigário
Mais um covarde e perigoso golpe, agora no pantanoso terreno do Facebook. É quando uma “menina”, uma “ninfeta”, uma menor de idade, geralmente do interior do Rio Grande do Sul, com fotos provocantes, insinuantes e tentadoras, pede amizade para homens bem mais velhos e solitários, os “tios Sukita” que ficam paquerando no Face.
Lolitas do vigário
Pelo “in box”, as meninas, que nem devem ser meninas, ficam ainda mais audaciosas e puxam a conversa para o lado sexual. Se o “Mané” manda ou pede fotos, escreve obscenidades, intimidades, dançou! Dia seguinte, recebe um telefonema do “advogado do pai da menina menor de idade”, querendo entrar num acordo (extorsão) para não denunciar o velho babão à polícia, como pedófilo.
Em branco de paz e amor, a escultural Geiselle Paiva. Foto: Edy Fernandes
Lança Perfume
*Daí, recente e pertinente matéria no site da CNN Brasil: “Golpes financeiros explodem durante pandemia: veja quais são e como se prevenir”.
Só em 2021, os golpes da falsa central telefônica e do falso funcionário aumentaram cerca de 340%. Golpes do WhatsApp, do delivery e o “phishing” também avançam.
Quem nunca caiu em um golpe financeiro que atire o primeiro PIX. E também não se sinta mal: Os golpes aumentaram muito desde a pandemia.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos – Febraban, os golpes dobraram de 2020 para 2021.
O CNN Brasil Business alerta: o Falso motoboy. Uma pessoa se passa por funcionário de um banco, liga para um cliente e afirma que o cartão da pessoa foi clonado.
Para desbloqueá-lo, precisa que a senha seja digitada ao telefone e que, como meio de segurança, o antigo seja dobrado ao meio.
O golpista finge que solicitou novo cartão e envia um motoboy para buscar o antigo para a perícia.
O cartão quebrado tem o chip intacto e consegue realizar diversas transações, sem maiores problemas.
“Em casos de ligações suspeitas, desligue o telefone, ligue de outro aparelho para o banco e verifique se realmente houve alguma irregularidade”.
O falso leilão: o fraudador envia um link que simula um leilão, no qual a vítima precisa fornecer seus dados, além de depositar um valor na conta do criminoso.
Com o CPF, a senha e o número do cartão da pessoa, é possível fazer qualquer tipo de transação em nome do cliente.
“Nunca envie dados de acesso e nem senhas a ninguém, além de sempre verificar a origem dos links recebidos antes de clicá-los, e verificar a veracidade dos sites de leilão”.
Voltemos ao WhatsApp: o golpe campeão na pandemia consiste no fato de os golpistas descobrirem o celular e o nome da vítima para clonarem suas contas.
Com o número do celular e o nome das pessoas, os criminosos conseguem cadastrar o WhatsApp em seus aparelhos e pronto!
Os criminosos solicitam o código de segurança enviado, “afirmando se tratar de uma atualização, manutenção ou confirmação de cadastro”.
Com isso, se passam pela vítima e solicitam dinheiro, transferências pelo PIX, entre outras coisas.
“Segundo a Febraban, uma medida simples para evitar que o WhatsApp seja clonado é habilitar, no aplicativo, a opção ‘verificação em duas etapas’”.
O caminho é este: Configurações/Ajustes/Conta/Verificação em duas etapas.
Desta forma, é possível cadastrar uma senha que será solicitada periodicamente pelo aplicativo. Claro! Não deve ser repassada.
Extravio do cartão: na entrega do cartão, a correspondência é furtada. O criminoso liga fingindo ser do banco informando que aconteceram problemas na entrega.
Eles solicitam a senha do cartão para resolver o suposto problema e realizam transações em nome da pessoa.
De novo e sempre, “o cliente nunca deve enviar dados, senhas e acessos a ninguém; nem preencher formulários na internet.
Golpe do delivery: o entregador apresenta uma maquininha com o visor danificado e cobra um valor acima do que foi cobrado pelo restaurante.
"O cliente deve sempre checar o preço cobrado no visor da maquininha”.
O golpe do phishing ("pescaria digital"): fraude eletrônica para obter dados pessoais por mensagens ou e-mails falsos que induzem a pessoa a clicar em links suspeitos.
“O ideal é verificar se o endereço da página de Internet é o correto. Além de sempre preferir comprar em sites conhecidos”.
Não repasse a outra pessoa nenhum código fornecido por SMS ou imagem de um QR Code enviado para autenticar alguma operação.
Para finalizar, a dica da organização é clara: na dúvida, fale com seu banco.