Dolce Vita | domingo, 21 de fevereiro de 2021

A linda força elegante de Marcela Menin e Fernanda Gardini. Foto: Edy Fernandes

Inimigos e íntimos

Não há vírus que mate psicopatas. E infelizmente eles estão, disfarçados ou nem tanto, entre nós. Provavelmente você já cruzou com um ou uma e felizmente sobreviveu. Nem todos temos esta sorte. A pessoa psicopata é o filme, “Dormindo com o Inimigo”. Já tratamos do assunto, aqui mesmo, várias vezes. Talvez a retomada do tema seja por causa da pandemia, do confinamento e da crise, outros terrenos férteis para a psicopatia. Nunca se viu tanto psicopata de plantão.

Perigosos e íntimos

Um clássico sobre o tema é o livro “Mentes Perigosas: O Psicopata Mora ao Lado”, da psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva, lançado em 2008. Uma caracterização dos psicopatas e dos danos que causam às pessoas. Foi o segundo livro mais vendido no Brasil na categoria não-ficção. Esta figura nociva, muitas vezes criminosa, domina a arte da manipulação e é especialista em, no mínimo, tumultuar a vida dos próximos.

Perigosos e idiotas

Recentemente, foi lançado o “Guia para evitar os manipuladores psicológicos: conselhos e advertências sobre a importância da vigilância”. O livro desta vez quer acalmar os medos, com táticas práticas para aprender a lidar com as estratégias dos psicopatas”. O autor é Thomas Erikson, especialista em comunicação. Depois de “Cercado de idiotas” (2020), raça tão perigosa quanto, Erikson lança “Cercado de psicopatas: como evitar ser explorado pelos outros no trabalho e na vida pessoal”.

Perigosos e péssimos

No prelo, “Cercado de péssimos chefes” que, até em filmes, são invariavelmente idiotas e psicopatas, logo, manipuladores. Voltando a “Cercado de psicopatas”, Erikson apresenta com fluidez e clareza valiosos ensinamentos para reconhecer pessoas que fazem da manipulação uma arte predatória. O autor sueco utiliza o mesmo método do primeiro livro, associando cores a personalidades. Isso, pasmem, com base nas pesquisas do psicólogo e criador da “Mulher Maravilha”, William Moulton Marston.

Irradiando o sol na Lagoa Seca/Belvedere, Ana Cristina Salomão, com suas cadelinhas Lua e Estrela. Foto: Arquivo Pessoal

Perigosos e coloridos

O autor associa o vermelho à dominância, amarelo à influência, verde à estabilidade e azul à análise. A partir destas analogias, ele demonstra como os pontos fortes e fracos destes diferentes tipos de indivíduos podem ser manipulados por estes verdadeiros canibais sociais. Assim, pessoas com este comportamento tóxico estão presentes em todos os âmbitos da vida, do ambiente de trabalho à família.

Perigosos e inteligentes

“Os psicopatas mais inteligentes, aqueles que não cometeram crimes graves e violentos, estão entre nós. São pessoas que não se detêm por nada para conseguir o que querem. E você, com certeza, já se deparou com alguns deles”, alerta. A partir de situações cotidianas, Thomas Erikson aborda as principais características e padrões de comportamento dos tipos manipuladores e mostra como eles podem ser extremamente perigosos.

Perigosos e manipuladores

“Número enorme de pessoas é afetado pelo seu comportamento, porque os efeitos de seus métodos raramente se restringem ao redor dos próprios perpetradores. O dano que causam leva a consequências de longo prazo e sempre arrastam muita gente com eles”. Ao oferecer uma imersão de autoconhecimento com a compreensão de comportamentos e fraquezas da maioria das pessoas, Erikson ensina quais são as formas mais comuns de manipulação e as melhores maneiras de lidar com elas.

A múltipla e competente RP, Magda Carvalho. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*Thomas Erikson apresenta métodos e técnicas que ajudam o leitor a confrontar pessoas controladoras e transformar relações negativas em relações de respeito mútuo.

“Cercado de psicopatas” é leitura fundamental para evitar os prejuízos causados por pessoas com intenções desonestas e perigosas no trabalho, na vida social e na família.

*Agora, como de costume, nossa humilde e amadora opinião. Opinião de quem já teve um ou uma psicopata para chamar de seu ou de sua.

Como dizíamos, o cinema e as séries de TV imitam a vida com rara perfeição e maestria. Nada como uma boa ficção para explicitar a realidade.

Como ótimas lições, agradáveis e acabados exemplos, no mínimo, dois filmes e uma série da Netflix.

Os filmes são: “Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal” (2019) e “O Diabo de Cada Dia” (2020).

A série, um pouco mais antiga, mas cada dia melhor, como um vinho na adega, é “Fargo” (2014), em três temporadas, baseadas no filme homônimo, “Fargo” (1996), grande sucesso dos irmãos Ethan e Joel Coen.

A quarta temporada, de 2020, ainda não estreou, pelo menos na Netflix, mas as três primeiras são overdose de psicopatas, idiotas e péssimos chefes.

Drama, humor e muita violência gratuita ou nem tanto. Show de atores, roteiro e direção; a combinação perfeita.

Combinação ainda mais perfeita por mostrar a exata composição da população mundial dividida em psicopatas, muitos idiotas, chefes incompetentes e uma minoria honesta, “normal” e do bem, as vítimas dos primeiros três.

Como sempre, lá estão a ganância e a burrice, terrenos ideais para os já tão citados psicopatas. E reside aí o grande mérito dos filmes e da série.

Uma primeira estupidez, movida à inesgotável necessidade de mais poder e dinheiro, gerando confusão de sentimentos ou um mal entendido; irmão gêmeo da falta de comunicação, cobiça, burrice e egoísmo.

Está cheio o barril de pólvora. Armado o cenário para o psicopata que tortura, mental e/ou fisicamente, bons, maus e até o meio termo, quem está no meio.

Os psicopatas, em “Fargo”, vários, quando demonstram sentimento é o único que têm: sadismo.

Os idiotas estão lá, sempre em maioria absoluta, aumentando a tensão e gerando cada vez mais confusão, violência e mortes.

Seguindo a trilha de livros de Thomas Erikson, não podemos deixar de fora os chefes péssimos que, com sua burrice natural ou burocrática, azeitam a máquina de horrores, causando tanto prejuízo quanto os bandidos.

Ah! O mal que se faz em nome das boas intenções!

*Para a próxima semana, talvez outro texto, rimando com o tema de hoje: “O que é Gaslighting?”, atribuído a Moshe Goldenberg.

Rima também com o livro, “O Fenômeno Gaslighting: Saiba como funciona a estratégia de pessoas manipuladoras para distorcer a verdade e manter você sob controle”, de Stephanie Sarkis. 

Ótima semana a todos e, até lá, tranquem bem as portas e a guarda.