Dolce Vita | domingo, 1º de novembro de 2020

Com muita fúria de viver, Ana Luiza Terra e Célia Regina Nunes

Foto: Edy Fernandes


Com muita luz, na Cemig, Christie Meira

Foto: Arquivo Pessoal


Com todo o gás da vida, Maria Vitória Siqueira e Rayssa Brás

Foto: Edy Fernandes


Fúria de viver

Hubert Reeves tem 88 anos e é um astrofísico franco-canadense, nascido em Montreal. É professor de Cosmologia, em Montreal e Paris. Reeves acaba de lançar o livro “La Fureur de Vivre”, algo como “A Fúria de Viver”, um best-seller que, acreditamos, ainda não foi traduzido no Brasil. Mesmo assim, pela sinopse, ganhamos uma ótima leitura de domingo, uma reflexão que vai muito além deste 2020 sem fim, que começa a terminar apenas no calendário, infelizmente.

Fúria de olhar 

O livro “é um convite a olhar o mundo como um lugar onde se exerce uma formidável vontade de viver, um lugar fértil onde é possível querer, poder, evoluir; onde se dá, se recebe e se arrisca. É um filme, uma série de fotos, uma ilustração de nossas origens. Imagens que devem ser contempladas porque tocam nossas ideias e nossas emoções, alimentando reflexões em torno do grande mistério que é nossa existência”, definiu Reeves.

Fúria de sentir

Trata-se de um livro conciso e profundo que alia o mais simples à mais alta meditação em textos amplificados por fascinantes imagens do mundo. Feita a apresentação, passemos a trechos de uma entrevista com Reeves onde ele demonstrou que, além de inteligente, é bem-humorado, uma combinação fácil, quando se pode. Reeves começa lembrando este mundo de conhecimento e destruição, como a Guerra Fria e seu poder nuclear que nos apresentou a possibilidade do Fim do Mundo.

Fúria de perceber

Fim do Mundo que, se escapou de uma explosão nuclear, mostra-se muito possível, em outros formatos, como nesta pandemia. Reeves fala como o homem consegue usar a fantástica tecnologia para viver e matar. Que a Terra, habitável e agradável, deveria ser o objetivo final da raça humana. Um planeta lindo que só tem um grande inimigo/enigma, o que ele chama de PFH (Putain Facteur Humain) ou numa tradução bem mais livre e publicável, a “P... do Fator Humano”.

Fúria de suicidar

Reeves também criticou, jogou pá de cal nas teorias da conspiração como aquelas que pregam uma consciência e a possível vingança da natureza contra o homem que tanto a machuca. Não tem nada disso. A natureza sofre, mas sobrevive. “Os seres humanos são os únicos que realmente ameaçam a espécie humana. A vingança é bonita, mas não vai acabar com o planeta. Só o homem pode acabar com o homem”.

Fúria da ganância

Reeves culpou também a imprensa que só publica coisas ruins e negativas. No que a entrevistadora, jornalista, concordou com um ditado: “O trem que chega na hora não nos interessa”. Em seguida, citando Napoleão Bonaparte: “O dinheiro é a mãe de todas as guerras”, defendeu o desinvestimento. Ato ou efeito de retirar investimento ou capital de uma empresa, vendendo ou perdendo uma parte ou o total de sua participação acionária. Deixar de investir ou diminuir o investimento que seria feito.

Fúria de rir

Reeves terminou sua entrevista, com otimismo: “A vida é uma constatação da própria fúria de viver”. Otimismo que passa pelo bom humor e a iconoclastia, a resiliência, a piada que, ainda, é nosso esporte nacional. E como também ainda podemos brincar com quase tudo, sem sermos degolados por fanáticos de todos os tipos, a seguir, uma “brincadeira” muito engraçada e inteligente, provando a capacidade de rirmos de nós mesmos e uma realidade bem mais concreta: 2020, no calendário, acaba mês que vem, uma semana depois do Natal.


Lança-Perfume

* É para rir ou sorrir, não para levar a sério e revelar o rebelar sem causa, entendido? Saiu o protocolo Covid-19 para montar presépio este ano: o número máximo de pastores será de seis, que deverão manter a distância de um metro e meio um do outro. A entrada no presépio será fechada a partir das 22h. Não será permitida a presença do anjo devido ao efeito aerosol. Ele deverá permanecer no céu, em home office.

Por serem da mesma família, São José, a Virgem Maria e o Menino Jesus poderão ficar juntos no presépio, mas deverá haver um cordão de isolamento ao redor da manjedoura. Os Reis Magos deverão chegar com antecedência, ficar em quarentena, e se submeter ao exame de PCR. Os camelos deverão permanecer no vilarejo mais próximo. O ouro, incenso, mirra, assim como todos os presentes para o Menino Jesus deverão ser higienizados com álcool 70%.

Os avós de Jesus, Santa Ana e São Joaquim, por serem do grupo de risco, deverão conhecer o neto e parabenizar Maria e José à distância, via audiovisual. Todas as pessoas não essenciais ao nascimento de Jesus (o marceneiro, o ferreiro, o padeiro, o Papai Noel, o Mickey etc.) não poderão participar desta edição do Natal. O número de animais deve ser 50% do habitual. Ovelhas, cabras, patos e gansos estão liberados, mas fora da área da manjedoura. Obrigado!

* A seguir, mais uma brincadeira para levar a sério e vice-versa. Casamento é difícil. Divórcio é difícil. Escolha o seu difícil. Obesidade é difícil. Ser “fit” é difícil. Escolha o seu difícil. Estar endividado é difícil. Ser financeiramente disciplinado é difícil. Escolha o seu difícil. Comunicação é difícil. Falta de comunicação é difícil. Escolha o seu difícil.

A vida nunca será fácil. Será sempre difícil. Mas nós podemos escolher o nosso difícil. Escolha sabiamente mesmo sabendo que a escolha também é difícil. De todas as escolhas, apenas uma não deixa dúvidas. Falta de comunicação é sempre muito mais difícil que a comunicação. A prova disso você acabou de ler. Bom domingo e ótimas escolhas!