Dolce Vita | domingo, 19 de janeiro de 2020

No Projac, Denise Valadares e a atriz Glória Pires

Foto: Edy Fernandes


Michele Andrade, mineira radicada no Rio, em tempo de confraternização de produtores culturais em seu “big” apartamento na Vieira Souto, em Ipanema

Foto: Edy Fernandes


A beleza da competente ginecologista e obstetra Viviane Alvim

Foto: Edy Fernandes


Cidade periculosa

Em férias para recarregar baterias, no Rio de Janeiro, o titular da coluna manda reflexões sobre a cidade quente em todos os sentidos. “Dá medo andar em Copacabana e Ipanema. Espaço tomado por pivetes e camelôs. Só esperando a hora do próximo assalto aos turistas. A polícia municipal tímida, e a estadual, ineficiente. As milícias, um poder paralelo. O Rio, mais que nunca, vive em ilhas, cercadinhos VIP”.

Cidade carnaval

“O Rio sempre foi um microcosmo do lado mais triste do Brasil. Enorme e assustadora população de rua. Há vários anos é a cidade da delicadeza perdida. Surpreendentemente, no domingo, grande aparato policial, principalmente em Copacabana, onde o pau comeu, com o ‘grito de carnaval’. Grito de tiroteio e bombas lacrimogêneas; milhares de pessoas sem controle”.

Cidade desigual

“A presença rara da polícia diminuiu a sensação de insegurança e impotência, mesmo numa enorme confusão. No mais, voltando às “ilhas VIPs”, o oásis de sempre é o familiar Leblon, o lado famoso e maravilhoso da cidade. Cheio de quiosques chiques, confortáveis e seguros, como o Azur e La Carioca Cevicheria. E como também os dois de Ipanema que formam o Marea, uma extensão do hotel Fasano à beira-mar, do arquiteto Miguel Pinto Guimarães”.

Cidade perdida

“A cidade está cada vez mais ‘gay friendly’, o Rio continua lindo, rindo, mas escondendo coisas feias sob o tapete. E a pouca vigilância ajuda a piorar o clima. Em Copacabana, corpos estendidos em todos os lugares. É a população dos sem-teto sujando tudo, como toda a fedentina provocada por banheiros improvisados e usados, literalmente, ao ar livre. Isto numa cidade lotada, com 90% dos hotéis cheios; ‘apertamentos’ lotados de argentinos sem grana, passando a pão com ovo. E tomara que os turistas não saiam com joias e exibam caros celulares; a ocasião faz mil ladrões”.

Cidade torturante

“Outra coisa chata no Rio, a quantidade de perigosos patinetes que atrapalham o trânsito de pedestres e atropelam incautos. E o Rio, como qualquer outra cidade turística, em alta temporada, é garantia de problema. Muita gente para pouca infraestrutura. Se viajar ficou mais fácil e mais barato, aeroportos parecem rodoviárias, e o que antes era puro charme hoje é uma tortura. As pistas de cooper e caminhadas vazando pelo ladrão e o trânsito, impossível ser mais caótico”.

Cidade democrática

“No lado ‘engraçado’, irônico da democracia: se o Rio continua um templo da gastronomia e os novos quiosques são verdadeiros e chiques restaurantes, a crise continua norteando o povo, que, saindo da zona norte para a sul, de metrô, come suas ‘quentinhas’ e marmitas de isopor em toda a cidade. E Copacabana é a maior vítima dessa ‘democratização’. O calor indecente apenas deixa o clima pior e o bairro mais sujo e decadente. O Leblon é qualificado, sofisticado. Ipanema, com o metrô, se popularizou. Mas Copacabana ainda tem coisa bacana: uma rica gastronomia, com todo tipo de iguaria e restaurante”.


Lança-Perfume

* “Os mineiros, outrora “habitués” sumiram do Rio. Morreram ou cansaram-se da vida carioca”.

“Voltando à miséria que nos deixa em tensão permanente, o problema dos Sem Teto é bem grave”.

“A começar pela falta de dignidade. Vida dura, cruel, cheia de perigos, crimes, doenças, vícios e injustiças”.

“Para moradores e turistas, é sujeira, violência, mau cheiro, incômodo e claro, mais perigos”.

“Toda marquise é um teto. Não só para seres humanos, mas como para seus cães”.

“O Ministério Público não permite que cães sejam separados de seus donos. O que aumenta a insalubridade, os problemas, a poluição visual e auditiva”.

“E estão em toda a cidade, nas portas de cinemas, prédios, farmácias e bancos”.

“Além dos Sem Teto, a crise, a desigualdade social e o desemprego colaboram os camelôs, a informalidade”.

“O cidadão não tem trabalho, acaba na rua, vendendo de um tudo. Como resolver? É a pergunta de um milhão de dólares”.

“A pessoa desce a favela, estende a barraca e fica lá. Não só nos calçadões, mas como em ruas e avenidas”.

“Não temos nem como andar, é o tempo todo desviando de gente dormindo, descansando, morando ou vendendo seu peixe, tubarão, baleia”.

“E é péssimo para a formalidade que tem mil obrigações e tributos. O camelô se instala à porta dos estabelecimentos comerciais, vendem de tudo, sem segurança e sem pagar nenhum tipo de imposto”.

“Para fechar o capítulo Rio de Janeiro, uma notícia em O Globo que interessa ao Brasil inteiro, principalmente aos desempregados e investidores gerais”.

“Agora só depende do deputado Rodrigo Maia, ele mesmo favorável à reabertura dos cassinos. O projeto está pronto para ser voltado pelo plenário da Câmara: só precisa ser incluído na pauta”.

“Segundo a Embratur, envolve as americanas Las Vegas Sands (Sands Expo, The Venitian e The Palazzo), MGM Resorts e Caesars Entertainment Corporation”.

“Também os europeus Estoril Sol, de Portugal e a estatal austríaca que administra cassinos em Viena já declaram interesse em investir aqui”.