Dolce Vita | domingo, 16 de maio de 2021
As borbulhantes Emília Sobreira e Renata Abreu, em Miami. Foto: Arquivo Pessoal
Cinco garrafas
Bom dia! O tema de hoje é excitante e borbulhante. Vamos falar de garrafas e, no caso, seus nobres conteúdos e suas aventuras no mar e no espaço. Primeiro, uma notícia saindo do forno; depois uma muito antiga e, por fim, uma bem recente. Todas estimulantes. A primeira é que o jornalista e primo, Walter Navarro, colaborador desta coluna, lançará seu terceiro livro, o primeiro romance, "5Garrafas”.
Várias garrafas
O livro “5Garrafas” está pronto, saindo pela Caravana Grupo Editorial, graças à Lei Aldir Blanc, lei de apoio e incentivo à Cultura, do Governo Federal. Foi escrito em outubro de 2020 e inspirado pelo confinamento forçado. Uma antiga ideia. Só saiu da gaveta do computador de Walter Navarro, por causa da pandemia e da Lei Aldir Blanc, esta, combatendo a mesma pandemia, todas suas nefastas e conhecidas consequências.
Belas garrafas
Walter promete dar mais detalhes, aqui mesmo, numa primeira entrevista. Mas temos um tira-gosto! “5Garrafas” é a história de cinco - ou seis - garrafas de Champagne. A primeira é achada, numa praia da Jamaica, contendo uma carta que levará o personagem principal às outras, em várias cidades do mundo. De Luanda a Tóquio, de São Paulo a Moscou, do Rio de Janeiro à Corfu, na Grécia, passando por várias outras, incluindo BH e Paris, claro.
Outras garrafas
O lançamento de “5Garrafas”, com todas as atuais e chatas restrições sociais que ainda vivemos, é uma incógnita. Presencial ou virtual? Outro assunto para a entrevista, esperamos, com boas notícias. Enquanto isso, recuperemos um trecho desta coluna, em 8 de outubro de 2020, com François Hautekeur, gerente da Comunicação Enológica da bilionária, luxuosa e francesa LVMH (Louis Vuitton, Veuve Clicquot, Moët e Hennessy), no Brasil. O assunto, publicado no mesmo período, acabou participando do livro “5Garrafas”, claro.
Lindas garrafas
Em 2010, Hautekeur foi escolhido pela LVMH para gerenciar o dossiê técnico de 47 garrafas de Veuve Clicquot Ponsardin submersas no Mar Báltico desde o século 19. “Algumas estavam perfeitas, já que ficaram armazenadas da forma ideal: em um lugar frio, escuro e com umidade constante”. O navio estava a 50m de profundidade, há 170 anos, entre a Finlândia e a Suécia. Em sua carcaça foram encontradas 160 garrafas de Champagne.
Mágicas garrafas
Hautekeur e outros especialistas degustaram 150, ou seja, 15 minutos por garrafa, durante quatro dias. Todas estavam sem rótulo, evidentemente. Então, como identificar as marcas e quais garrafas ainda estariam consumíveis depois de “milênios” dormindo nas profundezas geladas? Pela qualidade, inclusive das rolhas. As melhores garrafas eram as Veuve Clicquot. Mas, sem os rótulos, como foram reconhecidas?
Uma garrafa
Porque as rolhas da Veuve também eram melhores e, mesmo tanto tempo depois, a “assinatura”, na parte debaixo da rolha, foi reconhecida. Outra forte emoção era o ano das garrafas, 1840 e poucos, safra contemporânea da própria viúva (“veuve”, em francês). Muito provavelmente foi degustada pela própria Madame Clicquot. A seguir, na variação sobre o mesmo tema, a terceira notícia, muito comentada, sobre outra garrafa, não de Champagne, mas de mais um ícone francês, o vinho Pétrus.
A cristalina e repleta de bouquet, Julia Garcia. Legenda: Arquivo Pessoal
Lança Perfume
*No livro “5Garrafas”, Walter Navarro trata do acaso, brinca com o destino de cinco - seis ou oito? - garrafas de Champagne.
Garrafas que acompanharam o destino de cinco - seis ou oito? - pessoas. Destino que poderia ter levado as garrafas ao fundo mar ou ao espaço, sorte e azar de cada uma.
Vamos lá! Uma garrafa de vinho francês Pétrus 2000, de Bordeaux, passou 14 meses em órbita, na Estação Espacial Internacional (ISS).
O inimaginável destino de uma garrafa do vinho, em meio a tantas outras produzidas, era parte de um estudo da empresa Space Cargo Unlimited, sobre alimentos e agricultura.
Agora, a bebida está, ou estava até o momento, sendo vendida por US$1 milhão (quase R$6 milhões) na casa de leilões Christie’s.
Um porta-voz da Christie’s disse à BBC que uma garrafa normal de Pétrus 2000 também será vendida em conjunto com o vinho envelhecido no espaço.
As garrafas e a boa safra de Thaciane Correa, Lorena Saile, Glaucia Santos Martins e Janaina Rocha, em confraternização no Empório Paraíso. Foto: Arquivo Pessoal
É como um “brinde” pelo desembolso elevado. Uma garrafa "terráquea" da bebida pode ser vendida por até US$6 mil (quase R$36 mil).
A Space Cargo Unlimited enviou 12 garrafas, em novembro de 2019. Depois de mais de 400 dias, o vinho retornou à Terra em janeiro de 2021.
Um grupo de especialistas degustou o vinho envelhecido no espaço, em Bordeaux, no mês de março.
Uma delas foi a jornalista Jane Anson: "É difícil dizer se foi melhor ou pior. Mas foi definitivamente diferente”.
“Os aromáticos eram mais florais e mais esfumados – coisas que aconteceriam de qualquer maneira com Pétrus à medida que envelhecesse”.
Jane Anson esqueceu de contar que a cor do vinho também mudou.
Ela ainda disse que a escolha do rótulo foi feliz. O Pétrus 2000 faz parte de pequeno grupo de vinhos que não envelhece genuinamente em um período de 60, 70 ou mais anos.
O objetivo é que a venda do vinho ajude a financiar mais estudos da Space Cargo.
Somente uma garrafa será vendida. Três foram abertas para degustação e oito, guardadas para pesquisas.
Ah! Outra coisa que a reportagem não contou, mas que descobrimos. Quem comprar o vinho especial, vai ganhar outro brinde.
Além da garrafa “terráquea”, um saca-rolhas feito do metal de um meteorito.
Perguntar não ofende, nem defende. Um milhão de dólares compraria quantas cestas básicas, para as vítimas da pandemia?