Dolce Vita | domingo, 16 de fevereiro de 2020

Colorindo a coluna e o tempo cinza da cidade, a bela Barbara Correa

Foto: Edy Fernandes


Liquidando beleza e elegância: Glenda Antunes

Foto: Edy Fernandes


Todo glamour de Luciana Nardi

Foto: Edy Fernandes


Última flor

Querem ver, sentir, ler – de cara, de pronto –, como a língua portuguesa é rica, sutil, cruel, difícil e complicada? Por exemplo, entendem a definição do poeta Olavo Bilac (1865-1918) para nossa língua, quando a rotulou com a “última flor do lácio, inculta e bela”? O que Bilac quis dizer, já no primeiro verso do poema “Língua Portuguesa”, com a expressão “última flor do Lácio, inculta e bela?”?

Flor do lácio

A última flor é a língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim. Refere-se ao fato de que a língua portuguesa ser a última língua neolatina formada a partir do latim vulgar – falado pelos soldados da região italiana do Lácio. “Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: ouro nativo, que na ganga impura a bruta mina entre os cascalhos vela... Amo-te assim, desconhecida e obscura...”.

Flor carnívora

Mas temos exemplos menos eruditos e mais malandros, mais pícaros provando que o português não é para amadores. Como uma infinidade de outros, este texto vira, mexe e circula na internet. Pessoas o leem, se divertem e compartilham. Mesmo sem entender as armadilhas dos exemplos. Não entendem, mas sabem que estão lá, de tocaia. Assim, democratizam a brincadeira criativa e cheia de dicas.

Flor de aço

Vamos lá: “A diferença entre doida e doída é um acento. Assento não tem acento. Assento é embaixo, acento é em cima. Embaixo é junto, e em cima, separado. Na sexta comprei uma cesta logo após a sesta. É a primeira vez que tu não vês. Vão tachar de ladrão se taxar muito alto a taxa da tacha. Asso um cervo na panela de aço que será servido pelo servo. Vão cassar o direito de caçar de dois pais no meu país”.

Cavalo de aço

“Por tanto nevoeiro, portanto, a cerração impediu a serração. Para começar o concerto tiveram que fazer um conserto. Ao empossar permitiu-se à esposa empoçar o palanque de lágrimas. Uma mulher vivida é sempre mais vívida, profetiza a profetisa”. Na esteira desse texto tão pitoresco quanto ardiloso, lembramo-nos de um ainda mais popular e mais clássico porque evidencia o gigantesco poder de uma minúscula vírgula.

Nervos de aço

“A diferença que a vírgula faz”, divulgada durante as comemorações dos 100 anos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). A vírgula pode ser uma pausa... ou não. Não, espere. Não espere. Ela pode sumir com seu dinheiro. 23,4 ou 2,34. Pode criar heróis.... Isso só, ele resolve. Isso só ele resolve. Ela pode ser a solução. Vamos perder, nada foi resolvido. Vamos perder nada, foi resolvido”.

Língua de aço

“A vírgula muda uma opinião. Não queremos saber. Não, queremos saber. A vírgula pode condenar ou salvar. Não tenha clemência! Não, tenha clemência! Uma vírgula muda tudo. ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação”. Agora, passemos a detalhes adicionais. “Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura. Se você for mulher, certamente colocou vírgula depois de mulher... Se você for homem, colocou a vírgula depois de tem”.


Lança-Perfume

* Como escreveram Diegors (sim, com “rs” no fim) e Michelle Monteiro, no site Recanto das Letras: nossa língua possui uma das gramáticas mais difíceis do mundo.

Utilizamos vícios de linguagem sem perceber, falamos errado e passamos vergonha em público sem saber o porquê.

“Em tempo de crise, feliz é o porquê, que tem quatro empregos”.

As regras gramaticais são complicadíssimas. Devemos ter muito cuidado, dependendo com quem conversamos ou para quem escrevemos.

Entre os jovens reina o “internetês”, expressões utilizadas para se comunicar via computador ou celular.

Os jovens criaram esta linguagem, toda abreviada, que utilizam sem se preocupar com quem estão se comunicando.

A ascensão social não resolve os problemas de falar errado.

Um exemplo: os jogadores de futebol. Entre eles existe uma linguagem própria, expressões que utilizam no dia a dia.

Porém, quando um jogador vai dar uma entrevista, ele demonstra não dominar a língua e acaba dando respostas padronizadas.

Utilizamos vários vícios de linguagem no nosso dia a dia, como as frases de duplo sentido: “O cachorro do seu irmão avançou sobre o amigo”.

Pleonasmos, muito comuns, como “subir para cima” ou “descer para baixo”; os cacófagos que acabam se tornando gafes: “Vou-me já”.

Devemos sempre nos atentar às mudanças existentes na linguagem e tomar o devido cuidado para não cometer erros banais.

As pessoas podem utilizar os vícios de linguagem em ambientes que sejam propícios para tal, entre colegas, durante um momento de descontração que se possa falar à vontade.

Não é proibido usar essas expressões, só é necessário que não ocorram exageros para que isso não se torne rotineiro.

Podemos concluir que, independentemente da classe social, da região do Brasil em que moramos, os vícios de linguagem nos perseguem, acabam nos comprometendo, nos seduzindo.

E, muitas vezes, nos expondo ao ridículo. Precisamos saber dosar a hora de nos expressarmos de forma coloquial e a hora de nos expressarmos de forma culta.