Dolce Vita | domingo, 12 de setembro de 2021

Nosso domingo, cheio de "monumentos", começa com Laila Castro. Foto: Edy Fernandes

Minas do Brasil

Consultem o Google sobre os principais destinos turísticos do Brasil. A primeira informação é de 9 de agosto de 2018, está aqui e assim: “Não é à toa que o Rio de Janeiro possui o carinhoso apelido de Cidade Maravilhosa, encabeçando a lista de destinos mais visitados do Brasil: a cidade possui atrativos incríveis e um modo de vida único, atraindo turistas brasileiros e estrangeiros”. Nada de novo, nenhuma surpresa. E com certeza, é até hoje. Será?

Minas de Brasil

Continuando no oráculo do Google, passemos às surpresas do 26 de julho deste 2021: “Segundo o Viajanet, São Paulo, Recife e Salvador foram os destinos mais procurados no primeiro semestre de 2021, representando 7,7%, 7% e 5,7%. Na sequência, aparecem o Rio de Janeiro e Fortaleza, com 5,4% cada, Porto Alegre (4,4%) e Maceió (3,4%)”. Como é que é? São Paulo, Recife e Salvador antes do Rio de Janeiro? Nem sinal do Planeta Minas? Bizarro este Google.

Minas de Brasil

Agora, uma notícia ótima e bem mais recente, enviada, há exatamente uma semana, pelo nosso secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, via Reviva Turismo Minas: “Minas é o principal destino do Brasil”. O Reviva Turismo Minas é o programa de retomada gradual e segura do setor, lançado, em maio de 2021, pelo governador Romeu Zema.

Minas de Ouro

O programa é composto por “ações de incentivo que receberão investimentos de R$17,5 mi e devem gerar 100 mil empregos até 2022”. Aparentemente, missão dada, missão cumprida. Promessa feita e também efetuada. Ainda segundo o Reviva Turismo, geração de emprego e renda: “No mês de julho, em comparação com junho, Minas registrou crescimento de todos os indicadores da atividade turística”. O que não quer dizer que, da noite para o dia, somos o principal destino turístico do Brasil.

Minas de caminhos

Podemos escrever besteira, mas é pouco provável que Rio de Janeiro e Nordeste tenham sido desbancados por Minas, na preferência dos turistas. Em julho e agosto, muitos mineiros, por exemplo, estiveram no Rio, Fortaleza e sul da Bahia. Primeiro por ser hábito, segundo, fugindo do inverno glacial de Minas. “O saldo de empregos formais do Turismo foi o maior do ano e o segundo maior desde o início da pandemia”.

Caminhos das pedras

“Foram gerados 4.759 empregos em julho. De maio a julho foi gerado saldo positivo de 7.501 empregos em atividades relacionadas ao turismo". Ótima notícia, concordam? Mas onde isso? Nas cidades históricas, nos parques e reservas estaduais? “Minas apresentou o maior crescimento em junho dentre os estados brasileiros, tanto no volume de atividades, quanto na receita turística. O aumento foi de 19,7% no volume de atividades e 26% na receita do estado”.

Pedras preciosas

Sim, parabéns, mas onde e como? “Dados do Observatório do Turismo de Minas Gerais – OTMG, com indicadores da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE”. Em setembro do ano passado, Minas já aparecia como o segundo destino nacional mais visitado no Brasil, de acordo com o boletim do mesmo OTMG.  “No mês de julho, o número de passageiros embarcando e desembarcando nos aeroportos de Minas foi de 699.833, o segundo maior fluxo desde o início da pandemia”.

Pedras e pepitas

“72% dos consumidores brasileiros estão planejando viajar nos próximos 12 meses. Brasileiros passaram a valorizar mais a experiência de viajar”. OK! Tudo bem! Perfeito! Mas para onde? Minas? Bom lembrar que o Turismo doméstico, no Brasil, cresceu porque os brasileiros não podiam entrar em outros países. Só agora e lentamente esta realidade começa a mudar.

Pepitas de diamante

“Belo Horizonte teve taxa de ocupação hoteleira de 42,1% em julho de 2021. Aumento de 9,7 pontos percentuais em comparação ao mês anterior e 20,5 pontos percentuais em relação a julho de 2020”. Claro, aí é óbvio, ninguém precisa de grandes estudos para ver. É a retomada. É a volta ao novo anormal depois do auge da pandemia. Seria interessante saber quem foram estes hóspedes de julho e o que vieram fazer aqui.

Mais uma escultura, em forma de Marcela Machado. Foto: Edy Fernandes 

Lança Perfume

*Inspirados pelas boas novas, pensamos em algumas sugestões para caçar ou atrair turistas para Belo Horizonte.

Não temos o mar, a história, a “cidade preservada” e os cenários divinos e humanos do Rio de Janeiro; nem as opções da rica São Paulo. No lugar, o que poderíamos oferecer?

Coisas que São Paulo e Rio não têm. Por exemplo, que tal um corredor de arte, de esculturas, da rodoviária até a Praça do Papa?

Mas esculturas de verdade, belas, de bom gosto. Nossos monumentos, como o de Tiradentes, não ajudam. Além de meio tosco, com aquela corda no pescoço, o pedestal é maior que a estátua. Não pode!

Que tal uma praça, no centro abandonado da cidade, apenas com esculturas de Amílcar de Castro que, até hoje, não foi reverenciado e homenageado como merece? Isso atrai turistas e comércio.

Que tal concursos de arte, para pinturas e esculturas; concursos de aquisição, para enriquecer nossas ruas, praças e museus? Isso também atrairia turistas, comércio e divisas!

Dinheiro para a realização? Esqueçam o Estado. Isso é perfeito para as PPP, Parcerias Público Privadas. Funcionam!

Que tal a gigante Usiminas criar um concurso anual ou bienal de esculturas monumentais em aço e ferro, para Belo Horizonte?

Que tal uma Torre Eiffel em Belo Horizonte? Não uma cópia, claro, outsenho, mas tão alto como a torre.

Que tal ressuscitar, de verdade, a tradicional e aconchegante Savassi, de uma vez por todas? Mas sem as maquiagens modernosas e de gosto duvidoso, por favor!

Terminamos com uma pintura, Tamires Melo. Foto: Edy Fernandes

Que tal agitar a Praça da Liberdade com museus e centros culturais de verdade, como o Centro Cultural Banco do Brasil e a Casa Fiat de Cultura que, normalmente, têm programações sérias, ricas e atraentes?

Monumentos e museus, naturalmente, como no resto do mundo, atraem restaurantes, bares, festivais, turistas e um oceano de vantagens sustentáveis e lucrativas.

Por falar em festivais, que tal um Dia da Música que se preze, com grandes atrações nacionais e internacionais, não apenas as locais?

Por falar em bares, restaurantes, praças e museus, que tal reformular a Praça da Estação que é linda, com sua bela e desperdiçada estação?

Que tal encher a Praça da Estação com bares e restaurantes? O espaço só serve para manifestações bregas e inúteis que apenas produzem lixo e sujeira.

Que tal realmente concretizar a ótima ideia de ligar a Praça da Estação a Inhotim, com um trem rápido e real?

Que tal uma revitalização do Arrudas, aquele esgoto a céu aberto, cheio de rejeitos e mato?

Não é nenhum rio Sena ou Tâmisa, mas de alguma forma pode ficar mais civilizado.

Por falar no rio Sena, em Paris, em suas cinematográficas margens, ele tem praias artificiais de areia, mas aí já seria pedir demais.

Que tal então um “Bier Garden”, no meio do Parque Municipal, como existem milhares na Alemanha? Aí sim, um domingo no parque, numa cervejaria, seria bem atraente.

Ano que vem teremos um novo cartão postal na cidade, a Arena MRV do Galo. Mas e para quem não gosta de futebol?

A Praça da Savassi perdeu seus nobres pontos para as empresas de telefonia, mas temos outras a preencher.

Que tal uma enorme Praça de Alimentação, fixa, com barraquinhas de comidas de todo o Brasil, como em Brasília?

Por que não encher Belo Horizonte com bancas, comércio e lojas reciclando antigos vagões de trem? BH seria única no Brasil.

E Minas tem tudo a ver com estradas de ferro e trens. Antigos trens, cujos vagões apodrecem em ferrugem e depósitos.

Acabou o espaço. Ficam estas humildes dicas, mas ainda temos um baú cheio de outras. Bom domingo.