Dolce Vita | domingo, 12 de janeiro de 2020
No Réveillon Kûara, em Arraial d'Ajuda, Bahia, o astro da noite, Tiago Abravanel, e os anfitriões Luciana e Alexandre Poni
Foto: Paulo Navarro
Sempre no inesquecível Kûara, Henrique Carneiro e Eveline Bartels
Foto: Paulo Navarro
Comandando a “paella amiga”, dia 1º de janeiro, nas areias baianas de Ajuda, Silvane Moraes e Ellos Nolli
Foto: Paulo Navarro
Réveillon solar
A noite mágica foi bem planejada, a melhor experiência de fim de ano. Ambiente confortável e descontraído, com lounges e show de fogos. Linda festa marcando e celebrando a entrada de um novo ano com estilo e sofisticação! Atrações: Tiago Abravanel, Banda Sting & Emersoul, DJ e open bar. Este foi o Réveillon do titular da coluna, no Kûara Hotel, praia de Mucugê, Arraial d’Ajuda, Bahia. Ah! Kûara é sol, em tupi.
Réveillon dúbio
Além dos 150 hóspedes, 400 convidados VIP. O quem é quem em Ajuda, inclusive mineiros chiques. O hotel deu “up grade” na qualidade de hospedagem e é vizinho de condomínios fechados. Claro que, por secular tradição, Arraial ainda traz um ranço hippie e popular do turismo tradicional brega. “Raves” com a pior música baiana; pouco dinheiro, logo, mínimo retorno financeiro para o turismo.
Réveillon no paraíso
O hotel e similares trouxeram uma coisa nova, um lado luxo, uma nova página, com restaurantes e lojas que rimam com bom gosto. O casal de mineiros, Silvane Moraes e Ellos Nolli, tem casa lá e agregou, atraiu seus iguais, elevando o nível. Outros condomínios também como o Mar Paraíso e o hotel Maitei. A vizinha Trancoso continua cara e “paulista”. Arraial d’Ajuda é mais democrática, cheia de mineiros, italianos etc.
Réveillon bipolar
Apesar do mesmo DNA “natureba”, Ajuda, ao contrário de Trancoso, sua irmã, no sul da Bahia, não encontrou vocação. Enquanto o ex-Quadrado e adjacências, incluindo o contexto do condomínio Terravista, elitizaram-se como “lugares de paulistas ricos”. Ajuda vive um destino turístico bipolar, oscilando entre Woodstock tupiniquim e reduto de veranistas abonados.
Réveillon partido
Neste pêndulo, de um lado, devotos diaristas de “raves”, baladas (atravessam a balsa oriundos de Porto Seguro e voltam no mesmo dia), funk e o tenebroso axé, deixando muito lixo e pouco dinheiro. No outro lado, um abrigo aprazível de suntuosas casas à beira-mar. A recente inauguração do hotel Kûara, foi um divisor de águas no conceito de hospedagem e elegância na área.
Réveillon exemplar
Em menor porte, surgem outros investimentos imobiliários, hoteleiros e gastronômicos. Porém, nasce a dicotomia da qualidade de serviços/hospedagem/respeito à lei do silêncio/salubridade/gestão de trânsito; com a zorra do turismo diário calcado em outros valores, muitas vezes predatórios. Em época de Réveillon, Carnaval, urgem providências mínimas de civilidade, passando, sobretudo por uma gestão mínima de mobilidade urbana. Hotéis com 90% de ocupação evidenciam a clara falta de infraestrutura.
Réveillon profético
Isso para viabilizar até mesmo o deslocamento da praia ao aeroporto. Há quem, em nome da administração, avise os motoristas que não há como realizar a façanha sem muito planejamento. Em feriados prevalece o caos! Um povoado literalmente sem lei com uma população flutuante sem mínima civilidade em todos os aspectos! E haja remédio para dormir com a poluição sonora.
Lança-Perfume
*Ainda sobre o Réveillon em Ajuda, a questão sanitária é castigo a céu aberto... O aeroporto atual é um horror.
O serviço de balsas é lento, lotado e precário. Com novo aeroporto, internacional, Porto Seguro precisa de urgente plano diretor.
As bandas de axé torturam os ouvidos. Nos olhos, haja colírio para tanta gente com overdose de tatuagens feias e malfeitas.
Pecados do “progresso”. A ausência de calçadas, em apertadas e engarrafadas ruas de acesso às praias, leva banhistas a correr sérios riscos.
A coleta seletiva de lixo tem que acontecer. Idem para lixeiras na cidade.
Enfim, o Kûara foi a confraternização dos mineiros finos do Arraial. Top, onde bandas se revezaram com Thiago Abravanel.
Supimpas bufês e bares. Dia 1º, em tarde ensolarada à beira-mar, Silvane Moraes e Ellos Nolli abriram sua cinematográfica casa para confraternização.
Suculenta paella, precedida de ótimas conversas e bebidas nos jardins. Projeto do saudoso Luciano Soares, autor de outros espaços, inclusive o hotel Maitei, o primeiro hotel boutique.
Como resumiu uma amiga, “Há muito, Porto Seguro deixou de ser opção, virou multidão caótica. Sujeira, falta de respeito. Ajuda, só fora de temporada”.
“Antes do Kûara, o Réveillon de muitos era no Iberostar, Praia do Forte, Maceió ou Fortaleza, que também andam violentas. Trancoso ainda é ótima, desde que num resort”.
“Restam estes pontos chave, lugares paradisíacos. É também uma questão cultural! Aí vai povoando tudo, ficando discrepante!”.
“Hoje, repito, prefiro estar nestes lindos lugares fora de temporada! Não dou conta mais de passar por isso”.
Ops! Quase veio sem explicação. Os shows praianos acontecem no Uiki Parracho. Parrachos são terrenos, terreiros, espaços na praia, “onde o bicho pega”, onde moram as “raves”.
Sintam a propaganda: “O Verão Uiki, em Arraial d'Ajuda, está de volta para vivermos mais uma experiência à beira mar com diferentes ritmos e uma só paixão: a música”. Música? Há controvérsias!