Coluna Dolce Vita

Aqui e acolá, ensinando a ficar de bem, melhor, com tudo, Liliane da Costa Val Dabien. Foto: Arquivo Pessoal

Poder é querer

Hoje, uma colaboração sempre pertinente da psicóloga clínica, especializada em relacionamentos interpessoais, Liliane da Costa Val Dabien. “Eu continuo no poder e vou perdurar por um tempo indeterminado. O escritor nova-iorquino, Andrew Solomon, autor de um dos livros mais conhecidos sobre depressão no mundo, ‘O demônio do meio-dia' disse, em entrevista, que a crise do Coronavírus deixará marcas na sociedade e na saúde mental das pessoas”.

Poder é escapar

“‘A crise pode ser esquecida, assim que for superada, mas o trauma ficará. Já estamos em uma depressão coletiva’. Segundo Solomon, chineses, pasmem, deslocaram psicólogos e psiquiatras para Wuhan no primeiro estágio de quarentena. Uma das profissionais, Cuiyan Wang escreveu: ‘Durante a fase inicial, mais da metade dos entrevistados classificou o impacto psicológico como algo entre moderado e grave. Um terço relatou ansiedade severa’”.

Poder é reagir

“Na minha experiência, como profissional da área, sugiro: se abrace muito, esse vírus é ‘segregador’; você não poderá ser abraçado e nem abraçar seus amigos como antes, por muito tempo ainda. Procure um profissional qualificado, faça psicoterapia, exercícios físicos, yoga, plante bananeira. Medicamentos? Tome, caso sejam indicados. Relacione-se, comunique-se, por Skype, Facetime, etc.”.

Poder é falar

“Fale o que sente com amigos antigos e ainda mesmo com os novos, e talvez até os temporários amigos virtuais. Todas as mãos (de ajuda) precisam se entrelaçar, pois as sequelas emocionais estão por vir. Não armazene emoções como medo, tristeza e principalmente raiva, pois a maior vítima continuará sendo você. É sabido de todos que essas emoções, quando contidas, represadas, se transformam em depressão, e aí é o balde cheio: basta uma gota para o monstro aparecer”.

Linda e de bem com a vida, Daniela Nogueira. Foto: Edy Fernandes

Poder é rir

“Sabe aquele seu conhecido, que você tanto critica, por falar bobagens o dia inteiro através de sites, WhatsApp, e-mail, mensagens? Vai se sair muito melhor nessa disputa entre o poderoso vírus versus saúde mental, pois, enquanto ele fala, desabafa, expressa suas ideias esdrúxulas e até mesmo bizarras, libera endorfinas euforizantes”.

Poder é aprender

“Eu não saberia responder, qualificar, só sei que, para esse indivíduo, o tempo não está sendo tão dolorosamente quantificado, contabilizado, pelo ‘virômetro’ e sim pela necessidade de sobrevivência mental. Na minha opinião, e que fique bem claro, que é a minha opinião, não cabe a nós julgarmos ninguém nessa fase: casais que se separaram: ‘ah, já estavam separados!’. Não sei”.

Poder é crescer

“Crianças que repentinamente se tornaram agressivas ou até mesmo violentas podem ser diagnosticadas nesse momento como sociopatas? Sem controle de impulsos? Hiperativas? Com déficit de atenção? Esquizóides? Acho que seríamos extremamente cruéis colocando rótulos nessa coitada geração de crianças pandêmicas”. Sim, as crianças, as vítimas mais “invisíveis”.

Poder é resistir

As consequências na saúde mental de todos nós, e, principalmente, na das crianças, dependerá de muita habilidade, generosidade e competência por parte dos profissionais da área relacional, assim como pais, educadores, e nós, gente comum como a gente. Caso contrário, ‘Eu continuarei no poder’”. Quem vai continuar no poder por muito tempo, o vírus, a depressão ou nós?

Lindas e de bem com as vidas, Fernanda Rocha e Bruna Lima. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*Outro texto que caiu, entrou, penetrou como uma luva. Ou seria máscara? “Como manter a positividade após um ano vivendo sob pandemia”.

Um especialista, Uranio Bonoldi, dá dicas sobre como driblar o pessimismo e manter a saúde mental diante do cenário atual.

Depois de mais de um ano de pandemia, a perspectiva deste cenário melhorar parece se perder, nos deixando angustiados.

Cada vez mais a frustração, a tristeza, a ansiedade e o estresse invadem o nosso dia a dia: continuamos com planos cancelados, adiados e com um futuro incerto.

"É importante não criar altas expectativas para que a frustração não te decepcione. Porém, lembre-se: a pandemia vai passar”.

“Procure não pensar em datas e sim em um cenário melhor: pessoas vacinadas, comércios abertos, negócios voltando a prosperar”.

De bem com tudo, Lucianne Missiaggia. Foto: Edy Fernandes

“Tenha confiança, ela é diferente da expectativa e te ajuda a lidar com o cenário difícil", comenta Bonoldi, especialista em tomada de decisão.

Outra dica do especialista é vivenciar cada pequeno momento como uma conquista. 

"A ligação de um amigo, a recuperação de um parente, uma notícia boa - dê valor às pequenas boas notícias e às coisas boas que acontecem à sua volta”.

“Faça o exercício de não ficar preso ao passado ou projetar o futuro. Procure lidar bem com o presente e seja sempre grato ao que você tem aqui e agora”.

“É uma maneira de manter a mente sã e a esperança viva. Manter a paciência também ajuda e isso pode ser feito através da meditação, leitura de bons livros”.

Livros “com boas histórias e atividades que lhe dão prazer no (nosso atual) espaço restrito”.

Evitemos relacionar felicidade com coisas que não dependem de nós.

“Experimente se centrar em você, exercer o autoconhecimento. A meditação ajuda a traçar estratégias que ajudam a lidar com a situação”.

“Se ler te acalma, crie uma rotina diária de leitura. Ou uma rotina de atividade física para focar e relaxar”.

“Um filme ou uma série, tocar um instrumento musical. Descubra o que te faz bem e invista nessa atividade que depende apenas de você".