Dolce Vita | domingo, 10 de maio de 2020
Se reinventando em meio ao coronavírus, a empresária Mônica Gonçalves
Foto: Barbara Dutra
Fabio de Paula, produtor de feiras de casamento e debutantes em BH e São Paulo, está confiante para o reaquecimento do mercado no segundo semestre
Foto: Edy Fernandes
Arquiteta industrial da Vale e apaixonada por moda, Patricia Lemos, que hoje comanda um grupo de desapego de luxo: To Be Use, uma tendência atual e futura de consumo consciente e sustentável, economia colaborativa, através da ideia do closet compartilhado com um grupo exclusivo
Foto: Arquivo Pessoal
Novo e obrigatório
Desabafo da empresária Mônica Gonçalves: “O varejo nunca mais será o mesmo. Resolvi parar um pouco com as ‘lives’. Quero me ouvir e ver de perto o que o meu negócio pede. A cada dia uma mudança. Pequenas e diárias mudanças definitivas. Nada será como antes. Vamos ter que mudar, em primeiro lugar, como pessoas que trabalham para outras pessoas”.
Novo e inadiável
“Equipe motivada, que acredita em você e tem fé, não tem preço. A história de que tudo vai passar e tudo voltará ao normal não acontecerá. O normal do varejo que conhecemos irá mudar muito. Aliás, já estava mudado e nós insistíamos em continuar fazendo as mesmas coisas”.
Novo e incontornável
“Ensinar e aprender a mudar parece simples, mas não é. Talvez hoje este seja o meu maior desafio. Isso sem aprofundar o lado digital e da consciência das pessoas”. Mônica está certíssima. O coronavírus não mata apenas pessoas, mas também todas as velhas ideias sobre o trabalho.
Novo e renovável
Agora, uma versão parecida, o lado de Fabio de Paula, produtor de feiras de casamento em BH e São Paulo: “Para mim, o mercado de casamentos e debutantes se reinventará. Festas para convidados mais exclusivos, com aglomeração menor, devem acontecer já no segundo semestre. Para o evento Bem Casados, em breve (adiado para 2 de junho, na Sua Sala, no Ponteio), queremos trabalhar com um formato exclusivo, com a garantia da segurança na saúde de todos e a chance comercial de girar o mercado dos eventos. E a Vem Casar Comigo, sempre antenada, somará novidades a esses 16 anos de eventos.
Novo e noivas
Agora, Fernando Mafuz, da La Vita Noivas: “E neste maio, Mês da Noivas, muitos casamentos adiados, poucos cancelados e outros sem nova data, esperando o segundo mês tradicional das noivas, setembro”. Desemprego e instabilidade financeira. Nos adiados, o amor está à prova, mas muitas noivas concretizaram seu vestido na quarentena pensando em 2021, estabilidade financeira e a certeza do amor”.
Noivas e sonhos
A LaVita, que é uma referência, adiou 39 casamentos, mas em abril, online, agendou outros 15. O pós-quarentena promete avalanche de sonhos reprimidos. A LaVita é uma loja modelo na questão segurança higiênica. Está situada em um prédio de luxo, oferece 550 metros quadrados, com horários agendados. Sempre usou do ritual, agora obrigatório: álcool em gel em todos os espaços, higienização diária dos vestidos, entre outros, desde sua inauguração. E não é que a ficção era linda verdade? O amor não para, mas, como o céu, pode esperar.
Outra vítima
Da edição de 12 de abril da newsletter “NeoFeed”, a peleja do chef Alex Atala para manter seu templo gastronômico, DOM: “Ele vai continuar. É uma certeza que tenho”. Na entrevista, Atala, um dos mais conhecidos e respeitados chef do Brasil, conta como tem se equilibrado entre a preocupação com os funcionários, as negociações com os fornecedores e as muitas contas para pagar. E já se prepara para um longo período de prejuízos, mesmo quando os restaurantes voltarem a funcionar.
Lança-Perfume
* Continua Atala: “O DOM deve ficar no vermelho por pelo menos 18 meses”.
Detalhe: o restaurante já foi eleito o 6º melhor do mundo na lista do “World’s 50 Best Restaurants”, de 2013.
O chef “se vira” com o delivery de seu restaurante Dalva e Dito, comida brasileira, desovando estoques.
Todavia, o delivery é insuficiente para manter a operação. “Os ingredientes foram para o delivery ou para os funcionários. Nunca sofremos tanto e comemos tão bem”.
Sobre as negociações com os fornecedores e o que espera para o futuro: “Será um mercado mais solidário. O problema e a solução (para os vírus) são coletivos”.
Atala é dono também do Bio, uma proposta sustentável e atua no Instituto ATA, que incentiva pequenos produtores.
Como foi fechar o DOM? “Foi pegar o coração e colocar na geladeira. Estamos em um momento de agir racionalmente, não emocionalmente”.
“Primeiro, pensei em só abrir o restaurante no jantar, com os funcionários que moram mais perto. Mas era o momento de fechar”.
“Ao fechar, não é só o dono que sofre. A equipe também sofre emocionalmente e porque depende do dinheiro das comissões de venda”.
“O elemento humano é fundamental. 90% da equipe do DOM são bilíngues, insubstituíveis. Não dispensei a equipe, mas fiz contratos de suspensão e os acordos possíveis, dentro da lei”.
“Me preocupa muito o começo de maio. Para o pagamento de abril eu tinha a caixinha de março, o que não terá no de maio. O rendimento vai cair para menos de um terço”.
“Espero não precisar demitir. Isso é uma sombra na vida da gente. Hoje, entre DOM e Dalva e Dito, são 126 funcionários”.
“Acredito que muitos restaurantes não vão aguentar até chegar o recurso (do governo). E temos de pagar o aluguel. São poucos os donos que têm imóveis próprios”.
“Temos o embate dos impostos e os embates com os bancos privados, que não têm sido nada flexíveis e estão bastante agressivos nas taxas”.
“A retomada não é desligar e ligar a luz. A gente não vai voltar a todo vapor. Talvez nem funcionaremos todos os dias”.