Dolce Vita | domingo, 1 de agosto de 2021

Ela, com A e muito charme de mulher, Christie Meira. Foto: Edy Fernandes

Sem noção

Que tal uma coluna leve e humorada hoje? Porque parece que o Brasil não tem problemas maiores a resolver. Parece que o brasileiro fala perfeitamente seu idioma. Caso contrário, não haveria no horizonte mais uma moda ridícula e sem noção que essa nova linguagem indefinida, relacionada a gêneros. Sim, no mundo, “sexo” virou “gênero”, como, no Brasil, “passe” no futebol virou “assistência”; “programa”, “agenda” e “lero-lero”, “narrativa”.

Sem loção

A mesma moda quer virar lei e mudar a língua portuguesa, já tão torturada e massacrada. Há pouco, em outra moda chata, a das “lives” (ao vivo), um dos participantes despediu-se dos colegas com um “abraço a todas, todos e ‘todis’”. Pode? Na TV, em repórtagem da GloboNews, salvo engano, repórter em se referiu a um ou uma atleta, em Tóquio, não como “ele” ou “ela”, mas “elu”. Pode? Não, não pode. Virou bagunça e piada como lerão a seguir.

Sem razão

O texto é anônimo, mas muito pertinente. “Outro dia, sentei em um restaurante com um amigo. A garçonete nos cumprimenta com um sorriso: "Olá Amigues!". "Amigues?", eu disse, também com um sorriso. "Isso mesmo, somos um restaurante inclusivo!", ela respondeu com orgulho. "Olha que bom! Isso é ótimo porque em pouco tempo chegará um amigo que é cego. Você tem o cardápio em Braille?"

Sem reflexão

"Não, não temos isso.” "Ok, mas minha esposa também vem, mas com minha afilhada, que é autista. Menu com pictogramas, otimizado para autistas, vocês têm?” "Não, desculpe...", ela disse, nervosa. "Não tem problema, isso geralmente acontece. Imagino que a linguagem de sinais para clientes surdos você deve saber certo?"

Sem rumo

"A verdade é que você está me encurralando", responde sempre nervosa, tímida de vergonha, com um pouco de culpa e desconforto também. Então eu disse: “Não se preocupe, isso acontece. Lamento dizer que vocês não são um lugar inclusivo, vocês querem estar na moda. Aqui, essas pessoas não conseguiriam se comunicar ou pedir para comer ou beber”.

Sem igual

“Quer ser inclusivo, inclua todos. Todos aqueles que o sistema não dá oportunidade. É difícil, sim e muito, mas não devemos achar que um E, um X, ou @ no final faz de você inclusivo”. Na esteira, outra pérola de humor iconoclasta, com uma professora de português dando aula. “Vamos conversar com a tia. Não sou homofóbica, transfóbica, gordofóbica. Sou professora de português”.

Sem perigo

“Estava explicando um conceito de português e fui chamada de desrespeitosa. Explicava por que não faz diferença mudar a vogal temática de substantivos e adjetivos pra ser ‘neutre’. Em português, a vogal temática na maioria das vezes não define gênero. Gênero é definido pelo artigo que acompanha a palavra”.

Sem problema

“O motorista. Termina em A e não é feminino. O poeta. Termina em A e não é feminino. A ação, depressão, impressão, ficção. Todas as palavras que terminam em “ção” são femininas, embora terminem com O. Boa parte dos adjetivos da língua portuguesa podem ser tanto masculinos quanto femininos, independentemente da letra final: feliz, triste, alerta, inteligente, emocionante, livre, doente, especial, agradável, etc.”.

Sem drama

“Terminar uma palavra com E não faz com que ela seja neutra. A alface. Termina em E, e é feminino. O elefante. Termina em E, e é masculino. Como o gênero em português é determinado muito mais pelos artigos do que pelas vogais temáticas, se vocês querem uma língua neutra, precisam criar um artigo neutro, não encher um texto de X, @ e E”.

Ela, A e muito Joana, muito feminina, Joana Harmers. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*Continua a professora de português: “E mesmo que fosse o caso, o português não aceita gênero neutro. Vocês teriam que mudar um idioma inteiro pra combater o ‘preconceito’".

“Meu conselho é: ao invés de insistir tanto na coisa do gênero, entendam de uma vez por todas que gênero não existe, é uma coisa socialmente construída. O que existe é sexo”.

“Entendam, em segundo lugar, que gênero linguístico, gênero literário, gênero musical, são coisas totalmente diferentes de gênero".

“Não faz absolutamente diferença nenhuma mudar gêneros de palavras. Isso não torna o mundo mais acolhedor”.

“E entendam em terceiro lugar que vocês podiam tirar o dedo da tela e parar de falar abobrinha, e se engajar em algo que realmente fizesse a diferença”.

“Isso ao invés de ficar arrumando pano pra manga pra discutir coisas sem sentido”. 

“Tenham atitude! (Palavra que termina em E, e é feminina). E parem de ficar militando no sofá! (Palavra que termina em A, e é masculina).

*Agora, por favor, outra peça de humor, OK? Pensando bem, é mais que humor, é ficção porque o mundo já foi assim, mas não é mais, quase o contrário.

Por que os homens não ficam deprimidos e são mais felizes que as mulheres?

Futebol é o melhor remédio. Não engravidam. Os mecânicos não mentem pra eles. Rugas são traços de caráter. Barriga é prosperidade!

Ela, com A e mulher de verdade, Paula Vereza. Foto: Edy Fernandes

Cabelos brancos, charme. Os sapatos não machucam os pés. As conversas ao telefone duram 30 segundos e olhe lá.

Para férias de 10 dias, precisam apenas de uma mochila. Se outro aparecer na mesma festa usando uma roupa igual, não há problema.

Cera quente, chegam nem perto. Se alguém se esquece de convidá-los para alguma festa, ainda assim vai continuar sendo seu amigo. Os bicões, sempre são bem-vindos.

Sua roupa íntima custa no máximo 20 reais (em pacotes de três). Três pares de sapatos são mais do que suficientes (um chinelo, um sapato e um tênis bastam).

São incapazes de perceber que a roupa está amassada. Seu corte de cabelo pode ser o mesmo durante anos, aliás, décadas. Os shoppings não fazem falta para eles.

Se um amigo chamá-lo de gordo, careca, etc., isso não abala em nada a amizade deles. Aliás, é prova de grande amizade.

Para um churrasco, precisam de carne, sal grosso, uma faca, uma tábua e, no máximo, uma bermuda para limpar os dedos.

Pior que é tudo verdade... Quase tudo. Ou nada! Homens estão cada vez mais vaidosos e as mulheres, cada vez mais independentes.