Dolce Vita | domingo, 07 de março de 2021

Balançando e embalando sonhos, Fernanda Diniz. Foto: Edy Fernandes

Raro luxo

Lido e compartilhado do Instagram deste Jornal O TEMPO: “Você não sai do celular? Presença virtual se tornou um pré-requisito, enquanto ficar off-line, um luxo”. Quem diria! Há um ano, quando tudo era ou parecia “normal”, anormal era ficar grudado ao celular; quase um tipo de autismo, vício antissocial, no mínimo falta de educação, principalmente em festas, reuniões familiares, bares ou restaurantes.

Raro prazer

Hoje, além de necessidade profissional, telefone, notebook e suas redes sociais são válvulas de escape e, para muitos, o que sobrou da vida social. Para outros; os mais resistentes, ocupados, letrados ou hedonistas; estes instrumentos do “novo normal” continuam nocivos, perda do tempo que não volta e não para de passar; invasão de privacidade, vitrine e fogueira das vaidades; em suma, meio de vida ou sobrevivência.

Raro status

Mas voltemos ao jornal, O TEMPO, perguntando: “É melhor estar “on” ou “off”? ‘Status hoje é não ter celular. Não quero esse chefe mandando na minha vida’. A frase é de Yuval Noah Harari, autor do ‘best-seller’ ‘Uma Breve História da Humanidade’, reconhecendo que não possuir um ‘smartphone’ é um luxo para poucos”. Bom lembrar que, ironicamente, “smart”, em inglês, quer dizer “inteligente”. Inteligência bem artificial, digamos.

Raro e possível

“O professor da UFMG, Carlos D’Andréa, corrobora com a ideia e admite que ‘é dramática essa situação em que somos cobrados a estar disponíveis o maior tempo possível. Para um número muito significativo de pessoas, ficar ‘off-line’ se tornou um luxo’, resume. Em relação a prestadores de serviços e pequenos produtores autônomos, há uma dependência em relação à presença em aplicativos de troca de mensagens”.

"La Classe" de Lilian Albergaria. Foto: Arquivo Pessoal

Raro e caro

Resumindo, de novo e sempre, o segredo para uma vida saudável é a moderação, a harmonia. Para isso, basta estabelecer um pacto com nós mesmos. De tal a tal hora, estaremos disponíveis. De tal a tal outra hora, “off-line”. Assim, não perdemos a comunicação com o mudo, informações realmente importantes e urgentes. Ao mesmo tempo evitamos a quantidade oceânica de lixo que, mesmo navegando nas melhores intenções, certos amigos e correligionários do ócio passam dia e noite a enviar.

Caro e querido

Depois deste carinhoso puxão de orelha, mais um agradável texto, daqueles raros, caros e queridos que, às vezes, recebemos pelas famigeradas redes sociais. “Estão falando de nós! Se observamos com cuidado, podemos detectar a aparição de uma nova faixa social que não existia antes: pessoas que hoje têm entre 60 e 80 anos”.

Querido e caro

“A esse grupo pertence uma geração que expulsou da terminologia a palavra envelhecer, porque simplesmente não tem, em seus planos atuais, a possibilidade de fazê-lo.
É uma verdadeira novidade demográfica, semelhante ao surgimento da adolescência; na época, que também era uma nova faixa social, em meados do século 20”.

Querido e lindo

Surgiu “para dar identidade a uma massa de crianças desabrochando, em corpos adultos, que não sabiam, até então, para onde ir ou como se vestir. Este novo grupo humano, que hoje tem cerca de 60, 70 ou 80 anos, levou uma vida razoavelmente satisfatória. São homens e mulheres independentes que trabalharam durante muito tempo e conseguiram mudar o significado sombrio que tanta literatura latino-americana deu por décadas ao conceito de trabalho”.

Um automóvel e um avião, Sabrina Bravo. Foto: Edy Fernandes

Lança Perfume

*Continuando a falar de nós! “Longe dos tristes escritórios, muitos deles procuraram e encontraram, há muito tempo, a atividade que mais gostavam e na qual ganham a vida”.

“Supostamente é por isso que eles se sentem plenos; alguns nem sonham em se aposentar”.

“Aqueles que já se aposentaram desfrutam plenamente de seus dias, sem medo do ócio ou solidão, crescem internamente”.

“Eles desfrutam do tempo livre, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos, carências, esforços e eventos fortuitos, vale bem a pena contemplar o mar, a serra e o céu”.

“Mas algumas coisas já sabemos que, por exemplo, não são pessoas paradas no tempo”.

“Pessoas de 50, 60 ou 70 anos, homens e mulheres, operam o computador como se tivessem feito isso durante toda a vida”.

“Eles escrevem e veem os filhos que estão longe e até esquecem o antigo telefone para entrar em contato com seus amigos”.

Amigos cúmplices, “para os quais escrevem e-mails ou mandam (mensagens no) WhatsApp”.

“Hoje, pessoas de 60, 70 ou 80 anos lançam uma idade que ainda não tem nome. Antes, os que tinham essa idade, eram velhos, hoje, não mais...”.

“Estão física e intelectualmente plenos, lembram-se da sua juventude, mas sem nostalgia, porque a juventude também é cheia de quedas e nostalgias e eles bem sabem disso”.

“Hoje, pessoas de 60, 70 e 80 anos celebram o sol todas as manhãs e sorriem para si mesmas com muita frequência ...”.

“Elas fazem planos para suas próprias vidas, não com as vidas dos demais”.

“Talvez, por algum motivo secreto que apenas os do século 21 conheçam e saberão, a juventude é carregada internamente”.

“A diferença entre uma criança e um adulto é, simplesmente, o preço de seus brinquedos”.

O texto termina com um pedido: “Por favor, não guarde, passe (o texto) adiante, sei que você tem uma juventude acumulada, não importa se são 60, 70, 80 ou mais ...”.

Para fechar esta coluna, um exemplo de ótima moderação e harmonia, com um saboroso brinquedo para adultos de todas as idades.

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No que nos concerne, “Muito merci” pelo mimo embalado em oportuna lembrança: “Bom é quando as coisas mudam da água para o vinho".